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domingo, 4 de abril de 2010

Ciência e Ciência da Informação


CI-ÊN-CI-A
Thiago Gomes Eirão

Ciência palavra proparoxítona, substantivo feminino. Pronto! Assim pode ser definida ciência, talvez. Pode-se ir mais longe e encontrar a origem da palavra ciência, no latim, representado por scientia. Porém ainda é muito vago, ainda falta consistência para se entender o que realmente significa esta palavra. Certeza em ciência é algo relativo e totalmente provisório. No dicionário Houassis (2008) ciência é definida como
“Atividade humana baseada em conceitos e princípios desenvolvidos racionalmente e na utilização de um método definido, por meio do qual se produzem, se testam e se comprovam conhecimentos considerados objetivos e de validade geral: as novas descobertas da ciência”.
Agora sim ficou claro! Não? Talvez.
Ciência não se explica, ciência se experimenta, testa, comprova ou refuta, isto também é relativo. Nem toda ciência pode ser experimentada ou testada, qualquer generalização neste sentido corre o risco de cair em um erro. Ciência então pode ser entendida como o campo responsável pelo bem e desenvolvimento da raça humana? Será? Toda ciência é para o bem? Onde ficam os inúmeros artefatos de guerra desenvolvidos através das evoluções científicas? Bem de quem? Uma das definições mais comuns para caracterizar ciência é aquela que diz: para ser ciência é preciso um campo de estudo, um objeto, um método e objetivos. A busca por definições e explicações sobre o que seja realmente ciência, talvez não seja a melhor forma de entendê-la. O conhecimento científico está tão presente na vida das pessoas que seu entendimento talvez já seja tacitamente sabido. Então as pessoas fazem ciência em seu cotidiano? As pessoas “comuns” são cientistas? Sim e não.
Sim, pessoas comuns são cientistas. Não é preciso se enquadrar naquele rótulo dado pela arte do cinema que, cientista é aquela pessoa isolada do mundo, que se trancafia em um castelo, tem um monstrinho como ajudante e que numa noite chuvosa e de tempestade inventa algo que vai revolucionar o mundo. Qualquer pessoa pode ser um cientista e neste contexto talvez a experimentação possa ser um sinônimo de ciência. Já o não da afirmação anterior, diz respeito à indagação se as atividades das pessoas em seus cotidianos podem ser entendidas como ciência. Não se podem confundir problemas administrativos com problemas científicos, problemas de trabalho, geralmente, não costumam ser problemas do campo científico. Construir um robô capaz de imitar as expressões de uma pessoa, através de impulsos neurais transmitidos por ela mesma, necessariamente não configuram-se como ciência e neste caso, experimentação pode não ser sinônimo de ciência.
Outra coisa interessante neste rótulo de ciência são as grandes descobertas ocorridas em momentos de inspiração suprema dos cientistas. As invenções não surgem do nada, na realidade, elas surgem de um trabalho contínuo e árduo de pesquisa, teste, experimentação (de novo esta palavra!), erros e acertos. Cair uma maçã na cabeça de alguém ou alguém entrar numa banheira e descobrir leis da física é apenas um acontecimento pitoresco perto de toda pesquisa envolvida.
Uma das poucas certezas que se pode ter após esta reflexão é que não há consenso para o que seja ciência e aí ciência pode ser entendido por algo que se vive, convive e utiliza. O engraçado de buscar uma maneira simples, que explicite o que seja essa tal ciência e esse tal de conhecimento científico é que, cada vez mais se encontram dúvidas ao invés de ideias concretas. Alunos recém ingressados em cursos de pós-graduação ou até mesmos em programas de iniciação científica carregam consigo pelo menos duas certezas: uma definição construída na mente do que viria a ser ciência e que seu projeto de pesquisa é um item científico. A primeira certeza, no transcorrer da pesquisa aos poucos vai transformando-se em dúvida, para um pouco depois transformar-se em absurdo, algo fora da realidade. Para alguns ciência significa neutralidade, para outros o questionamento de questões físicas, por exemplo, a água que ferve, pode ser a maneira pela qual possa ser explicada a ciência. Até mesmo arremessar um giz na testa de uma japonesa qualquer, pode ser uma maneira de tentar mostrar a falibilidade da ciência. A desconstrução de tais ideias, geralmente, é acompanhada por uma tempestade de dúvidas e incertezas diárias, que para o bem ou mal, serve para mostrar que pesquisa, pesquisador são coisas e seres permeados de questionamentos, carências e de necessidade de respostas.
Já a segunda certeza, o projeto de pesquisa, esta sim é uma certeza que de chega a amedrontar seus criadores. Um projeto, geralmente, não chega inalterado no final do processo de pesquisa. Muitos ganham algumas dezenas de versões, outros são rasgados em milhões de pedacinhos, alguns morrem e renascem como outro projeto e outros, bem os outros estão completamente perdidos em alguma gaveta ou em uma pastinha bem escondida em algum notebook. O processo de pesquisa tende a sacudir a cabeça dos pesquisadores e o talvez e o relativo, talvez, sejam palavras que sempre martelam a mente dos mesmos.
Então qual a conclusão que se chega sobre ciência? Nenhuma! Conclusões são definitivas e restritivas, dois conceitos que, dificilmente, podem ser entendidos como sinônimos de ciência. Questionamento, dúvida e curiosidade, talvez, sejam palavras mais próximas do que vem a ser ciência e o saber científico. Talvez um dia, possa ser encontrado o denominador comum que defina ciência, mas, talvez, a dúvida é a que permitiu e continua permitindo que a ciência exista e se desenvolva. Mais isso também é outro talvez .

OBS: O uso de tantos “talvez” é proposital e pelo menos isto é definitivo

11 comentários:

  1. Thiago

    Mais uma vez meus parabéns pelo seu artigo e ao Mestre por apoiar seus discípulos. Ganhamos todos.
    André Luiz

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  2. Obrigado pelo cumprimento André! espero que o texto provoque algumas coceiras interessantes no pessoal.

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  3. Vamos ver se além de provocar coceiras o seu texto faça com que os coçantes percam a timidez e façam comentários.

    Uma coisa eu tenho certeza: depois de ouvir vários "nãos" de revistas especializadas sobre seu texto, aqui ele está sendo lido, acessado e, quiçá comentado. Foram mais de 100 acessos em dois dias on-line. Nenhuma revista te daria essa visibilidade.

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  4. Aê Thiagão... esse cara é demais. Gostei muito (sem "talvez" rss) Legal as reflexões. Estamos aí. Abraços

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  5. mais de 100 acessos? Viva a Internet! Mais uma vez obrigado Prof. André!

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  6. Li com bastante atenção o texto, gostei. Achei genial a frase:

    "Conclusões são definitivas e restritivas, dois conceitos que, dificilmente, podem ser entendidos como sinônimos de ciência"

    Minhas contribuições são:

    1 - A palavra ciência não é proparoxítona. Ela é paroxítona e tem acento em razão de terminar em ditongo crescente.

    2 - Muitas vezes o texto parece muito hermético. Por exemplo:

    "Até mesmo arremessar um giz na testa de uma japonesa qualquer, pode ser uma maneira de tentar mostrar a falibilidade da ciência"

    (???) ~

    3 - A explicação sobre o uso do advérbio de dúvida "talvez" poderia ser feita no início do texto, no atual molde quando estamos construindo a idéia do q vc quer explicar, vc tira nosso chão, é óbvio que a intenção do texto é inquietar, mas sabe quando seu time vai bater o penalti que decide o campeonato e o sinal da Tv sai do ar?

    Assim, no meu entendimento, esse aspecto poderia ser modificado.



    nos tira o chão

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  7. Caros colegas e Profº André !

    Dúvida. Palavra inquietante, exibe não definição. A Dúvida está a serviço da ciência como um catalizador ou uma espécie de combustível... olha a dúvida aí...

    Obrigada pelo artigo me animei vou postar também...
    Abraços a todos.
    Andréa Guimarães Nunes

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  8. ...E POR FALAR EM CIÊNCIA... TI NA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO ? Uma Simples Visão de um Usuário da Informação...

    A capacidade de sistematizar, organizar e viabilizar o acesso e controle de dados e informações, pelas funções de TI, trouxe uma verdadeira explosão de demandas e expectativas sobre as unidades e especialistas da área, que atualmente é obrigada a conviver com uma verdadeira crise de confiabilidade entre seus especialistas e usuários demandantes de soluções. Isso tem ocorrido pelo excesso de respostas que a TI por diversas vezes é “obrigada” a dar pelo tratamento de problemas que não são de sistematização de informações e sim de gestão.

    É claro que também existem outras situações motivadoras de insatisfações nos atendimentos realizados pelas equipes de TI, porém, cada empresa possui sua peculiaridade, mas, de modo geral, essa situação de crise de respostas por excesso de demandas levou fornecedores especialistas, profissionais e gestores de TI a situações extremas de insatisfação por seus demandantes, organizações usuárias de soluções. As equipes de TI vivenciam hoje pelo menos dois tipos de realidade, a positiva ao extremo e a negativa ao extremo. Para muitas organizações, a TI é a razão de ser da empresa, grande aliada, é o meio que mais viabiliza resultados e gera valor para toda a operação, para clientes finais e demais partes interessadas.

    Para outras organizações, a TI é a responsável pela falência de negócios, ou pela crise de desempenho, de projetos inacabados ou mal suportados pela unidade especializada em TI na empresa ou em terceiros.

    Observando os conceitos básicos de TI e os casos críticos de insatisfação na área, é possível verificar que uma solução para gerir dados e informações que se utilize da TI, por mais automatizada e informatizada que seja a cadeia de valor para a qual as soluções em TI são desenvolvidas, o seu projeto de desenvolvimento e implantação das soluções em TI não deve ser objeto de tratamento exclusivo pela equipe de TI da empresa ou de terceiros. Um projeto que responde pelo desenvolvimento de aplicações em TI não pode ser uma iniciativa na qual a maior parte das atividades esteja nas mãos dos profissionais de TI. O que se quer dizer é que tão importante quanto o aporte de uma solução
    de tecnologia de informação com todos os seus componentes (hardware, software e telecomunicações), é a gestão e a participação dos demandantes, usuários e líderes, na definição e execução de processos e metodologias de trabalho que possam especificar, desenvolver, implementar e melhorar as soluções geradas para tratamento de dados e informações. Alvo da atenção dos especialistas em TI, porém, objeto gerado pelos gestores e técnicos de cada área da organização no âmbito das ações de gestão e execução de atividades geradoras de valor, o dado e a informação são o alicerce e ao mesmo tempo o produto essencial processos e soluções em sistemas de informação baseados em tecnologia da informação.

    Por isso, gerir dados e informações para obter excelência empresarial requer liderança, coordenação e sinergia entre três fatores críticos estratégicos: pessoas, processos e tecnologia. Se você observar os dois primeiros fatores, eles estão diretamente vinculados à órbita de ação do gestor de área, apenas a tecnologia com sua justa relevância e essencialidade é que está na órbita de ação dos especialistas de TI.

    Andréa Guimarães Nunes.

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  9. Este comentário foi removido pelo autor.

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  10. Obrigado pelas observações Leonardo! Realmente o texto é para o questionamento, as respostas estão na cabeça de cada leitor. O "talvez" é mais uma provocação.
    Quanto ao exemplo que você citou, o texto foi elaborado como trabalho final da disciplina, logo muitos fatos apresentados no texto são relatos de discussões desenvolvidas em sala de aula e para quem não acompanhou pode soar meio estranho. Em outra versão do texto inclusive havia uma brincadeira com o nome das pessoas que levantaram as discussões.
    Obrigado

    Thiago

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