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domingo, 29 de maio de 2011

Leituras iniciais sobre ciência

Copiado de Bichos Brasil
Fernandez Kenji Inazawa
(Bibliotecário, especialista em Gestão do 
Conhecimento e mestrando no PPGCINF-UnB)

O texto de Newton Maia é uma leitura bem humorada e leve sobre ciência, que foi indicada pelo professor de metodologia. 

O texto fala que nem tudo precisa ser científico para ser verdadeiro, ou até mesmo válido, pois a ciência se ocupa com teorias, e verossimilhanças, e não com verdades. Existem coisas que são verdadeiras, mas que não são consideradas, necessariamente, científicas.

O que distingue a ciência de outros saberes é o método. O importante é ter método para se observar e expressar de uma forma clara o que foi observado. E não podemos esquecer do objetivo, é claro, pois qualquer um, a priori, pode estudar qualquer coisa, mas focar é muito necessário. Einstein observou e expressou a teoria da relatividade pela formulação matemática, método próprio das ciências naturais. As ciências sociais tem outras formas, tão válidas quanto, de observação e apresentação de suas conclusões através de métodos próprios.

Há uma parte interessante sobre a questão controversa entre ciência e religião. Eu lembrei do livro "Vírus da mente", cujo autor diz que as idéias da religião são vírus, por que não podem ser comprovadas pela ciência, que não é beeem assim. O texto de metolodologia toca no assunto de misturar saberes e opiniões diferentes, e propõe um jeito bem legal de olhar para esse problema.

Não é um texto acadêmico, mas uma opinião muito particular de um cientista, com uma linguagem bem descompromissada. Mas é legal.

O texto de Tomanik também é muito bom de ler. E a primeira afirmação que ressalta aos olhos é a explicação do porquê do título "Olhar no espelho", que está relacionado ao preponderante papel do observador nas ciências sociais. O que esse consegue ver é apenas um imagem de si mesmo, uma interpretação da realidade, que por vezes poderá até ser fiel, mas nunca será a própria realidade.

Maia e Tomanik expressam a dificuldade de definir ciência. Contudo, Maia está bem humorado, não se esqueça disso, e propõe uma definição de "terceira categoria". Eu ri muito da gracinha.

Gracinhas à parte, vamos ao que interessa. Tomanik fala que a ciência não é um agrupamento imóvel de teorias e leis; por que ela estudar a realidade, a qual é mutável; por que a tecnologia auxiliar amplia a dinâmica de observar a realidade e de produzir conhecimento; o fato de o que é afirmado hoje, muitas vezes, pode ser desdito amanhã; e por fim, a ciência surge das necessidades flutuantes do homem, e na medida em que estas se alteram, os objetivos da ciência também se alteram.

Tomanik me incomodou um pouco quando abordou sobre a ciência precisar ter aplicação prática, ele diz assim "[...] descobrir soluções de problemas é a função da ciência". Maia e Santos também parecem que sentem o mesmo incômodo que eu. Não concordam com essa visão utilitarista. Mas, Tomanik se contradiz quando fala que o conhecimento da teoria e das formas de investigação próprias da área de formação acadêmica dos futuros profissionais de curso superior é indispensável, ou seja, ele não pode ser somente um técnico com um diploma na mão, pois os desafios do mercado pedem pessoas que saibam "adaptar soluções" de acordo com "cada problema". 

Com relação às ciências humanas, Santos não se esquiva de se posicionar contra o utilitarismo implantado na mente da sociedade quanto à ciência, que pensa que é necessário apenas olhar o presente, mas a tarefa da universidade é conquistar o futuro, é olhar para a frente.
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OBS
  • Uma versão menos coloquial do texto de Kenji pode ser baixada aqui
  • Outro comentário sobre os mesmos textos, por outro autor, pode ser visto aqui.

REFERÊNCIAS: 
  • TOMANIK, Eduardo Augusto. Algumas noções preliminares sobre a ciência: por que pesquisar? In: ____. O olhar no espelho: conversas sobre a pesquisa em ciências sociais. 2. ed. rev. Maringá: Eduem, 2004. p. 13-29. 
  • SANTOS, Mílton Almeida dos. As humanidades, o Brasil, hoje: dez pontos para um debate. In: HUMANIDADES, pesquisa, universidade. São Paulo: Comissão de Pesquisa/FFLCH-USP, 1996. p.9-13. 
  • FREIRE-MAIA, Nilton. O que é ciênciaCadernos do IFAN. Bragança Paulista: USF, nº 16, 1997. p. 51-87.
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Como modo de ampliar a discussão tão bem iniciada pelo Kenji, sugiro que cada um que cada pesquisador reflita sobre os tópicos abaixo, extraídos do livro do Tomanik, tendo como contraponto de discussão o próprio projeto:

CAP 1 - O que é ciência?
1.1. Ciência: Constantes transformações - identificar na proposta:
a) possibilidades de mudança da realidade;
b) possibilidades de novos campos em relação ao avanço científico da área;    
c) possibilidades de críticas;
d) pertinência da proposta em relação às modificações da sociedade.
1.2. Objeto: necessidade de definição - identificar na proposta: 
a) qual é o objeto (tema) principal e quais áreas do saber estão relacionadas? 
b) idem objetos derivados.
1.3. Método: importância a do método para elaboração de novos conhecimentos e vice-versa - identificar na proposta::
a) possibilidades de elaboração de novos conhecimentos.
1.4. Objetivos/Razões: foco nos objetivos gerais, os motivos para se realizar tal pesquisa - identificar na proposta:   
a) grandes objetivos que pretende atingir;    
b) principais motivos para realizar a pesquisa;
c) limites entre o que se quer e o que será feito.
1.5. Dificuldades: nem tudo são rosas, trabalho árduo, com mais fracassos que sucessos - identificar na proposta:   
a) principais entraves;
b) possibilidades de fracasso;
c) competências a serem adquiridas.

A lista acima não é um questionário. Representa apenas um rol de possíveis pontos de reflexão a serem, eventualmente, desenvolvidos (ou não) pelos interessados, sob as mais diversas formas: comentário neste post, elaboração de paper, elaboração de postagem para blog, excerto da reflexão teórica da própria pesquisa, início de artigo etc.

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