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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

PG&C é B1 no Sistema Qualis

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O sistema Qualis, recentemente promoveu uma reavaliação dos periódicos cadastrados em sua base. No âmbito da Ciência da Informação houve mudanças consideráveis, com a ampliação dos títulos da categoria "A" de veículos nacionais, específicos de Ciência da Informação (pelos critérios da CAPES, nossa área é classificada conjuntamente com a Comunicação). O periódico em tela, Perspectivas em Gestão & Conhecimento é um interessante exemplo da modernização que a produção de conhecimentos científicos vem passando nos últimos anos, por conta, em parte, das TIC. Trata-se de uma revista científica nova, com apenas 6 números publicados em apenas 2 anos, realizada dentro das rígidas práticas avaliação às cegas, por pares, o que tem garantido um excelente nível de qualidade, angariando o interesse de importantes autores, com artigos atuais. 

Durante a última semana, um dos membros do Conselho Consultivo, Alan Curcino, com razão, cobrou publicamente que o portal que congrega os pesquisadores brasileiros de Ciência da Informação, ainda não fora atualizado e continuava apresentando uma relação restrita de periódicos da área, não incorporando a recente reavaliação do sistema Qualis. A relação completa dos periódicos da área-Capes Ciências Sociais Aplicadas 1, está composto por cerca de 1.300 títulos, porém a maioria é voltada para Comunicação e muitos são internacionais.  Há ainda que considerar que outros veículos, que congregam importante produção de nossa área, estão elencados em outras áreas como é, por exemplo, o caso da revista Acervo, publicada pelo Arquivo Nacional, adscrita na listagem de História na CAPES. 

Apesar da impossibilidade de resumir com qualidade e justeza quais são os periódicos específicos e mais significativos da Ciência da Informação (até porque se trata, por definição, de campo inter/multi/pluridisciplinar), sem nenhuma dúvida a lista nacional deveria ser bem mais ampla do que os atuais 15 títulos listados no portal da ANCIB (em e-mail recebido há menos de duas horas, aparentemente, a solução não demorará, de modo que, brevemente, espera-se que o link citado tenha mais títulos indicados). Reproduzo abaixo trecho do mencionado e-mail do professor Alan Curcino, no qual anota algumas das ausências importantes identificadas em 18/02/2013, na relação da ANCIB:
"(...) Inclusão Social; Revista ACB; Comunicação & Informação; Em Questão; Perspectivas em Gestão & Conhecimento; Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação; Revista Eletrônica de Comunicação, Informação & Inovação em Saúde; Museologia & Patrimônio; Revista de Gestão da Tecnologia e Sistemas de Informação; Revista do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro; Revista Biblos; Revista Informação & Universidade; Arquitextos; Arquivística.net; Bibliotecas Universitárias: pesquisas, experiências e perspectivas; Cenário Arquivístico; Páginas A & B - Arquivos & Bibliotecas; dentre muitos outros títulos não menos importantes porém não citados."
Obviamente que estar bem colocado no sistema Qualis é um importante elemento para qualquer periódico, já que auxilia no acesso a verbas, demanda qualificada de autores de alto nível, captação de bons referees etc. Sem dúvida que a disputa por espaço de poderes também se faz presente em tal âmbito. Mais do que ter uma listagem em algum portal (por exemplo, recentemente, foi divulgado no grupo de discussão dedicado aos arquivos a nova classificação da CAPES, porém com periódicos diversos dos elencados pela ANCIB ou pelo Prof. Curcino), que sempre será parcial e pautada pelo interesses institucionais (espera-se), é fundamental que os pesquisadores, leitores, estudiosos de Ciência da Informação habituem-se a utilizar o sistema WebQualis, no portal da CAPES; mais ainda, é fundamental que se tenha o hábito de ler os bons artigos (estejam eles na área-Capes que for, com o ranking que tiverem).

Sobre o sistema Qualis veja ainda outros posts publicados aqui:

2 comentários:

  1. Concordo plenamente, deve existir uma valorização das publicações nacionais. No meu caso, por exemplo, tenho tentado publicar um artigo desde que entrei no doutorado (três anos atrás) em periódicos internacionais e não consegui. O problema é que minha pesquisa lida com características sociais e linguísticas brasileiras e é difícil convencer os editores internacionais da qualidade deste tipo de pesquisa, uma vez que, para eles, essas características são uma realidade distante. Se temos mais periódicos nacionais de qualidade, publicar torna-se algo menos burocrático.

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    1. Alexandre,

      a questão da publicação em periódicos internacionais não pode ser restrita ao tipo de objeto com o qual você trabalha.

      Pessoalmente acho que ter alguns bons periódicos nacionais, sem dúvida, auxilia muito na difusão de nossos trabalhos de qualidade. O problema é que há, em minha opinião, absolutamente intuitiva, um número muito elevado de periódicos "genéricos" em CI; ou seja, veículos que se propõem a abranger uma gama muito ampla de temas, objetos, problemas e abordagens.

      Não fiz o teste, mas acredito que a maioria dos artigos publicados nos periódicos nacionais bem avaliados poderia, sem muita dificuldade, "caber" em qualquer um deles. Isso indica que há muitos periódicos pouco específicos.

      Se, por exemplo, houvesse uma revista específica dedicada às interfaces da CI com a linguística (estou assumindo que você trabalha com CI, se não for esse o caso, acho que a metáfora continua valendo), não haveria grandes problemas para que você publicasse com tranquilidade, desde que, obviamente, que seu artigo tivesse boa qualidade.

      Ah, mas se o artigo não fosse tão bom assim? (IRONIC MODE ON) Afinal você não é um doutor com anos de estrada e uma trajetória consolidada(IRONIC MODE OFF). Certamente uma revista "não tão boa" e "não tão específica" poderia acolhê-lo.

      Parte do problema é que há uma pressão gigante para publicação e produção de bons indicadores nos programas de pós. Isso provocou a ampliação brutal da oferta de veículos para publicação, muitos dos quais, para manter um mínimo de qualidade, acabam buscando e/ou, convidando e/ou encomendando artigos de autores famosos e, paradoxalmente, aceitando muita coisa "não tão" boa - ou, na melhor da hipóteses, "não tão centrada" no foco programático - para manter a quantidade e periodicidade.

      O resultado? Uma profusão de veículos não específicos - todos bem intencionados e dirigidos por gente muito séria - que travam uma luta ferrenha por mais espaço, reconhecimento, verbas, etc. cujo parâmetro principal é a seleção darwinista do sistema Qualis, que impõe que apenas 1/4 dos periódicos terão qualidade superior (veja o post indicado no final do texto matriz).

      Quem ganha com isso? A indústria brasileira de indicadores.

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