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terça-feira, 23 de março de 2010

O que é uma universidade de pesquisa?

Uma universidade de pesquisa faz somente pesquisa ou também tem que formar alunos? As duas coisas! E uma ajuda a outra. Segue trecho de diálogo meu com uma aluna da pós, que soube identificar bem as qualidades da UnB, em comparação a uma experiência dela em outra IFES:
Aluna: E agora falo com propriedade ... não tem comparação as aulas que eu tenho na UnB com as aulas que tive na outra IFES ...
Vou para a UNB feliz, com prazer.. Volto para casa feliz, leio com vontade....
  Acho que até o final do mestrado eu supero meu período lá na outra UF 
Todos os meus profesores na UNB são excelentes, acima da média! Todos!!!!
  E 95% dos meus professores na outra IFES ficaram aquém do que eu esperava em um mestrado...
 Ainda bem que voltei para Brasília :)
  É sério, tanto que eu poderia pedir aproveitamento de créditos em metodologia, mas em conversa com meu orientador achei que seria melhor fazer. Também optei por fazer outra disciplina para não perder a oportunidade de ter aula com dois outros ótimos professores ...
  São aulas que eu tenho aprendido muito mesmo.
  Nunca tinha escutado falar do Milton Santos.... adorei o texto [BAIXE AQUI].. E assim vai, cada aula uma coisa nova que eu aprendo.
 O Fulano é pesquisador professor. É prolixo, mas é alguém profundamente culto, de uma experiência e carga de leitura impressionante. Aí temos que saber tirar o que cada um tem de melhor. E sempre que eu o procurei para falar de um tema ele tinha uns 3 autores para me indicar. Isso é o bom da UnB! Professores com carga de conhecimento muito alta.

eu: Concordo, pena que isso vai acabar. Ninguém mais assim vai querer ser professor para ganhar, com doutorado, menos que policial.
  
Aluna: a minha mãe é professora do GDF, saiu da sala de aula há 15 anos pelo menos. Mas sempre participiu das greves. Eu me lembro de uma camiseta de greve dela que me marcou profundamente... a frase era.. "Seu filho é educado para a vida por alguém que não ganha o suficiente para viver". No Brasil é assim .. do ensino fundamental ao superior.
 Crianças e adolescentes são educados para a vida. Universitários para o mundo profissional, para a pesquisa, desenvolvimento científico e tecnológico... Mas parece que ninguém se importa com a carreira do professor que tanto transmite aos seus alunos. É triste....
Professor, obrigada pela conversa! Estou torcendo pela conquista de vocês.
 
eu: Obrigado, mas se nós ganharmos (isto é se não perdemos e tudo ficar como está) quem ganha é a sociedade que continua a ter uma universidade de qualidade, como vc descreveu aqui.
Será que a UnB é tudo isso que a aluna está dizendo? Dê sua opinião e veja nota sobre isso em Ciência e Iluminismo

8 comentários:

  1. André, primeiramente, embora não tenha termo para comparações, eu me alinho com essa colega no que se refere à satisfação de ir para as aulas na UnB. Só tive experiências muito positivas com os professores da UnB.
    Mas esse seu último comentário (eu:) me fez pensar se essa questão da URP não se transformou num "bode" colocado na sala.

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  2. Caro profº André
    Gostei muito da foto com o aluno cheio de livros na cabeça, que abriu seu texto anunciando no blog a disponibilidade dos arquivos de estudo. Aliás, esta outra imagem que ilustra o tema "O que é uma universidade de pesquisa?" está muito bacana também. Então, meu blog deve sair hoje "do forno" nada de tão especial vamos avançar no curso, apesar da greve (!) mas, trago a expectativa de contribuir.
    Ainda sobre seu blog, links excelentes !
    Att, Andréa Guimarães Nunes.

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  3. Uso esse e-mail enviado por outra aluna para responder às várias questões que tenho recebido sobre o retorno das aulas. É um texto bem interessante e mostra que quem perde com a greve somos nós (professores e alunos). Esse é o motivo pelo qual sempre fui, em princípio, contra as greves nas universidades.

    Quem me conhece melhor sabe que quando eu me disponho a fazer algo é para fazer de verdade. Meia greve não existe. Eu entrei em greve e não vou voltar às aulas enquanto a mobilização continuar. Sigo trabalhando feito um louco com todo o resto. Blogs e e-mails inclusive, mas vou respeitar a decisão do coletivo. Lamento, mas não fui eu quem pediu para receber menos salário.

    Pela primeira vez acho que uma greve universitária, está servindo para fortalecer a universidade. Isso somente continuará ocorrendo SE nós (professores) continuarmos a lutar do melhor modo que podemos (isto é, com as palavras e argumentos) E SE vocês (alunos e sociedade) continuarem incomodados e incomodando.

    A crise na universidade só começará a ser resolvida quando o incômodo que ela causa for insuportável para aqueles que podem "canetear" (para o bem ou para o mal).

    Até lá vamos ter que ficar com o "bode" lá dentro da sala e a gente para fora.

    >Em 24 de março de 2010 08:06, Outra >Aluna escreveu:
    >Bom dia,
    >então, no frigir dos ovos, vai ter aula na
    >quinta? Ou vamos acompanhando as
    >atividades pelo blog?
    >Como me licenciei do trabalho pra cursar
    >este semestre estou um tanto preocupada
    >com a duração da greve. Contudo tenho
    >aproveitado muito o tempo para ler, ler
    >muito. Mas se a coisa for perdurar, e sei
    >que não há como prever, poderia ser
    >melhor eu retornar e aguardar,
    >trabalhando, o fim da greve.
    >Apoio totalmente a greve e acho que, além
    >do desrespeito, é uma vergonha nacional
    >ver tanta gente enfiando dinheiro na meia
    >e mendigando o pagamento da URP para os
    >professores. Como disse na última aula, é
    >aí que a gente vê o desestimulo à formação
    >é as prioridades governamentais.
    >Muito obrigada.
    >Outra Aluna

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  4. Tá bom, mas ainda pode melhorar muito.
    Já pensou se o Darcy Ribeiro visse o que virou esse projeto de universidade que ele rascunhou?
    Certa vez, abordando a questão da ditadura, Darcy afirmou

    "Poucas coisas me doeram tanto, talvez nenhuma me doeu assim, como saber, um dia, que a imensa maioria dos sábios que trouxera para cá, em defesa da dignidade desta Universidade, por não aceitarem seu avassalamento, saíram em diáspora mundo afora. Eram mais de duzentos sábios e aprendizes, selecionados por seu talento, para plantar aqui a sabedoria humana. Cada um deles recebeu, com o contrato, um apartamento mobiliado, porque tudo deixaram ao virem para cá. Agora, se dispersavam, de mãos vazias, buscando algum trabalho nas universidades nacionais, também perseguidas e para eles fechadas, ou no estrangeiro".

    É Darcy, a diáspora agora se dá pela falta de incentivo que o seu projeto merece. Essa universidade era pra ser o berço da heterogeneidade de pensamente crítico de um país multicultural. Mas cá estamos nós, diante de mais um impasse. E, ao que parece, esse país nunca esteve muito preocupado com a cabeça de quem pensa. As armas são agora invisíveis. Por favor, não levantem as mãos. Não se rendam. Até o fim.

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  5. Minha experiência como aluno da pós-graduação no universo da Ciência da Informação também tem sido muito motivadora. Os poucos professores que já conheci me impressionaram pela dedicação e comprometimento com a pesquisa.

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  6. A Greve é uma opção do Estado e governos não dos professores, muito menos nossa, dos alunos e da sociedade. É o Estado e os governos que levam uma discussão e decisões ao estresse da Greve que ninguém quer. Não tem capacidade, agilidade e habilidade para gerir conflitos, direitos e condições sociais, preferem a liguagem mais difícil, a Greve. Então, vamos a ela, Greve! Até que entendam a essencialidade da Universidade e tomem a decisão com o mínimo de bom senso de justiça. Professores tem todo meu apoio !!! Profº André obrigada pela manutenção do Blog, pelo apoio nos emails, mesmo em JUSTA GREVE. Abraços, Andréa Guimarães Nunes

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  7. Apoio a greve dos professores da UNB, é difícil é ficar lutar por algo melhor, por uma educação de qualidade, e falo isso não apenas pelos professores, mas também pelos alunos.
    Gosto da UNB (apesar de achar um absurdo a falta de acessibilidade motora nessa universidade) e de seus professores, venho de outra universidade, de outro estado e também tenho profunda admiração pelos mestres que lá me ensinaram, e isso só me faz mais convicta da necessidade da valorização desses profissionais da educação.

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  8. Fiz graduação em Goiás, especialização em Lavras, mestrado em Rondônia... também tenho alguns parâmetros de comparação e concordo com a colega, ir para as aulas na UNB não é nenhum sacrifício.

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