Ambiente virtual de debate metodológico em Ciência da Informação, pesquisa científica e produção social de conhecimento

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Sugestão de atividade de reflexão coletiva


Bruno, Edson e Elaine sugerem que tod@s busquem pensar sobre as questões extraídas do capítulo 01 de Tomanik (ver post aqui), devendo, cada um, ao menos:
a) postar uma reflexão nos comments abaixo;
b) tecer alguma consideração que complemente alguma observação do colega.
obs: ao contrário da atividade anterior, não há uma ordem pré-estabelecida para colocar reflexão ou comentar pontos de vista do colega; a estrutura da atividade é livre.

11 comentários:

  1. Tomanik defende, dentre outras razões, que a impossibilidade de teorizar CIÊNCIA reside no contínuo processo de transformação da realidade. A ciência não pode, por consequência, ser estática e limitada frente a essa realidade dinâmica que, tanto o mundo físico quanto o mundo social, apresentam. Partindo desta consideração, a Pesquisa sobre Fotojornalismo e Difusão da informação a partir da interpretação da imagem contribuirá com alguns questionamentos aos cientistas da informação, aos produtores da informação jornalística e aos usuários finais.
    A realidade em que estamos inseridos permite fácil acesso e produção (além da reprodução) de imagens em grande escala. Câmeras fotográficas digitais e aparelhos celulares equipados com este dispositivo são instrumentos que possibilitam o registro de imagens de qualquer local, por qualquer pessoa, a qualquer momento. A web tornou-se um instrumento rápido e eficaz para a difusão das mesmas. E o fotojornalismo, cujo principal objetivo é transmitir informação por meio de imagens, também foi favorecido por essas inovações tecnológicas na medida em que há uma vasta de base de registros fotográficos para se apoiar. Entretanto, a interpretação que é aplicada à fotografia jornalística pode muitas vezes ser distorcida e propiciar um alcance limitado, ineficiente ou completamente contrário à noticia que se pretende publicar.
    O despreparo técnico do jornalista na seleção fotográfica ou até mesmo uma Política institucional em uma Agência de Noticias, por exemplo, podem contribuir diretamente para a difusão da informação, atingindo ou inviabilizando o acesso do conteúdo pelo usuário que se objetiva atender. A pesquisa que será desenvolvida visa contribuir com a Ciência da Informação abordando o fotojornalismo como meio de difusão de informação, bem como, questionar as formas que vem sendo aplicado, além das distorções interpretativas e impactos na sociedade da informação.

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    1. Tendo como base a delimitação da sua pesquisa, e de acordo com Tomanik (2004, p.26), o conhecimento das teorias e das formas de investigação próprias de sua área são tão importantes quanto, ou até mais do que, a aprendizagem de técnicas de atuação. Ou seja, seria essencial conhecer a teoria e formas de investigação envolvidas no objeto do fotojornalismo, além do profissional envolvido e suas ações num conhecimento profundo de realidade, em uma situação específica, utilizando-se de uma pesquisa científica. E ainda analisar situações específicas e não repetir fórmulas pré-existentes sem compreendê-las, para, entre outras razões, ter uma pesquisa e atuação coerente e eficaz frente ao conhecimento profundo da realidade onde ocorreu a situação estudada, que permita progressos baseados na realidade em transformação abrindo pressupostos para novos avanços e consequentemente novas pesquisas.

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    2. Acredito ser importante ressaltar a questão do viés cultural na seleção fotográfica. Nosso olhar é influenciado pelo meio em que estamos, pelas condições de nosso desenvolvimento pessoal, pelas lições aprendidas e pelos erros cometidos durante a vida. Dessa forma, ao selecionar determinada fotografia em detrimento a outra, seria interessante avaliar qual o impacto do background cultural do selecionador naquela decisão em particular. O olhar ocidental promove uma visão do mundo bastante diferente do olhar oriental. O viés de uma pessoa católica é distinto de um muçulmano, por exemplo. Até que ponto essa variedade cultural promove um impacto nas decisões de seleção fotográfica, ainda que institucionalizadas?

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  2. Parece-me que Tomanik pretende explicar ciência propondo que o aprendiz se coloque no lugar do cientista e questione a própria veracidade do que se pesquisa.
    Uma vez que a discussão é elemento indissociável da ciência, o processo de questionamento contínuo, de busca, passa a ser tão importante e necessário quanto os possíveis resultados encontrados - ou não. Sob esse aspecto, a ciência tem mais similaridades com a noção de processo - algo que está sempre em movimento, em desenvolvimento contínuo - do que com o que entendemos por projeto, que tem um começo, um meio e um fim. O processo é dinâmico, se modifica conforme o conhecimento sobre as variáveis que o determinam evolui; já o projeto requer uma definição de encerramento. Como cientista, acredito que ainda estamos muito longe de podermos considerar a ciência como um corpo de conhecimentos completo, finalizado - se é que um dia isso será possível.
    Outro aspecto relevante levantado por Tomanik, e que talvez seja o principal fator contribuinte para diferenciar as ideias de ciência e de mera opinião, é a discussão sobre o método. Discutir método significa colocar às claras o "como" fazer ciência em uma circunstância particular. Trazer tal informação à luz requer um grau de comprometimento e de seriedade maiores do que se imagina inicialmente. Ao deixar claro o método utilizado em determinada pesquisa, o cientista assume um compromisso em seguir tal método até as suas últimas consequências, sejam quais forem - inclusive a possibilidade de que a pesquisa dê "com os burros n'água", que tem conotação diferente da ideia de fracasso. Para a ciência, o fracasso é não fazer nada. Realizar uma pesquisa e chegar a conclusões diferentes das esperadas não é demérito do pesquisador e nem dos métodos, mas sim parte do processo de descoberta.

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    1. Tomanik apresenta que a metodologia não é um conjunto de regras como se fosse um manual reforça a ideia de que a metodologia desempenha um papel decisivo, pois são os métodos que favorecem o desenvolvimento de afirmações e possibilitam sua avaliação. Ou seja, a ciência procura desenvolver uma serie de procedimentos que permite conhecer seu objeto de estudo e através dos métodos visa atingir os objetivos.

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  3. No capitulo um Tomanik trata de conceitos sobre a ciência e o porquê de pesquisar. Demonstra a percepção de ciência, deixando claro que é impossível uma única definição. No entanto, o que fica claro é que ciência passa a ser uma forma de conhecimento da realidade, onde mostra-se de forma não estática os conhecimentos que podem acompanhar as mudanças. A ciência contribui para criar novas formas de pesquisas, que permitem ao homem obter informações novas. Os conhecimentos científicos não são aceitos de forma espontânea pelos pesquisadores, onde as afirmações feitas por um cientista sejam questionadas por outros cientistas. Portanto, os conhecimentos reunidos sob o titulo da ciência são meios desenvolvidos, através da história, para suprir as necessidades e aspirações do homem. Na medida em que as mudanças acontecem, os objetivos específicos da ciência também podem sofrer alterações, o que faz com que os procedimentos aceitos como adequados e os critérios de definição do conhecimento científico, tidos como válidos num período histórico, possam ser modificados em outro (Tomanik, 2004, p.16). Ou seja,a ciência é uma atividade de observação, reflexão e critica.

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    1. Essa ilusão de imutabilidade e infalibilidade do conhecimento científico é retomada por Tomanik no capítulo 2. Segundo o autor, "Esta impressão se manifesta tanto no dia a dia, na crença casa vez maior que as pessoas têm na ciência como palavra final na resolução dos seus problemas, quanto no respeito exagerado dos alunos em relação aos cientistas famosos, que são vistos como uma espécie de portadores autorizados da ciência oficial, e que não podem, por isso, ser questionados por 'simples aprendizes'." (TOMANIK, 2004, p. 43)
      Dessa forma, é necessário, sim, definir objetos, métodos e objetivos ao se propor a fazer ciência; todavia, tais definições não devem ser tomadas como (de)limitações à pesquisa. Percursos metodológicos e epistemológicos podem ser desfeitos, repensados e refeitos a qualquer momento.

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  4. Compreender o dinamismo da ciência não é simples. De acordo com Tomanik capítulo um a ciência se constitui de um corpo de conhecimentos efetivo e útil. Ou seja, não deve ser um agrupamento estático de teorias ou leis (TOMANIK, 2004, p. 14). É necessário que a ciência reflita a realidade que está em transformação, pois serão esses avanços em transformação que abrirão pressupostos para o desenvolvimento de novas pesquisas. E nesse processo de transformação as críticas e questionamentos são essenciais para o processo de lançar afirmações, pois se estas afirmações forem baseadas em métodos e colocadas em confronto com a realidade favorecerá o desenvolvimento das próprias afirmações permitindo que estas sejam avaliadas (TOMANIK, 2004, p.20-21).

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    1. O método científico é fundamental para a construção da ciência, como afirma Tomanik (2004), o que se discute é como esse dinamismo da ciência é compreendido pelos pesquisadores? Mais do que isso, como se traduz na pesquisa de cada um? Há a necessidade de transformações nas teorias que regem os padrões de validação da ciência. Para isso a ciência deve ser capaz de refletir sobre ela mesma, sobre a praxis científica que deve respeitar fundamentos estruturais sem perder a flexibilidade na cadeia de construção do pensamento científico.

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  5. Os modos científicos
    O capítulo 1 da obra “ O olhar no espelho” de Eduardo Tomanik (2004), apresenta uma discussão sobre o fazer científico em uma linguagem acessível, próxima do leitor, provocando uma reflexão sobre o modo como a ciência se configura e quais os elementos principais que a caracterizam.
    A partir daí, é concebível que haja alguma dificuldade em definir o termo Ciência. O “caráter dinâmico” da Ciência, apontado por Tomanik (2004, p.14), é necessário para entender a realidade, já que essa muda indefinidamente, sendo fundamental que ocorra transformações na estrutura da Ciência para que sua aplicação seja possível e coerente. Se sua finalidade inicial está em resolver problemas, qualquer fixação da forma de fazer Ciência pode contribuir para que a resolução de problemas não ocorra.
    Dessa forma, observa-se que a realidade não se congela, não cabe em uma padronização, mesmo didática. Pois as reflexões e ações humanas ocorrem no bojo das modificações da sociedade, diante disso, como estabelecer formas de estudar o mundo? Os modelos para construção do pensamento científico devem ser meras referências e não obrigações no processo de inovação a que a Ciência se propõe.
    Se considerarmos o método científico como imprescindível para que a Ciência exista, como afirma Tomanik (2004), padrões metodológicos que induzem a classificação de metodologias de pesquisa podem conduzir a um engessamento do fazer científico, limitando as possibilidades do pesquisador, podendo sugerir a existência de uma pesquisa cientifica sem que, de fato, ela exista e que naquele trabalho haja simplesmente uma máscara de classificação metodológica.
    Há trabalho árduo em fazer Ciência, delimitação do objeto e definição do método de investigação requer muito esforço, e não se basta nisso. Nessa configuração, a legitimação institucional precisa ocorrer em um cenário que dificilmente permite a um aspirante a pesquisador seu acesso se não houver enquadramento mínimo aos modelos propostos, como: padrão ABNT, classificação do tipo de metodologia e outros.
    Será que esse enquadramento se relaciona com a “Ditadura do Saber” mencionada por Tomanik (2004, p.24)? Se sim, o que se percebe é que mais do que identificar os elementos essenciais de uma pesquisa científica, essa “ditadura do saber” exige um enquadramento do fazer científico a moldes que se opõe à inovação esperada da Ciência.
    Ao pesquisador iniciante resta pouco, se há um rigor na forma de se construir Ciência, cabe a ele se inserir no modelo adotado, mas recomenda-se reflexão sobre suas ações de modo a ser possível a compreensão do pensamento científico e de sua finalidade principal que transcende os interesses de determinado grupo, conhecer e entender o mundo em que vive.

    Referência

    TOMANIK, Eduardo Augusto. O olhar no espelho: "conversas" sobre a pesquisa em Ciências Sociais. 2ª ed. Maringá: EDUEM, 2004, cap.1.

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