Ambiente virtual de debate metodológico em Ciência da Informação, pesquisa científica e produção social de conhecimento

terça-feira, 27 de agosto de 2013

O final de um ciclo


O blog de MetodologiaCI está fechando um ciclo para começar uma nova fase, na qual deixará de estar vinculado às disciplinas do PPGCINF.

Este blog começou depois de uma bem sucedida experiência com banners iniciada em 2008, divulgada por outro blog (ver post aqui), representando um passo além. A experiência cresceu e ultrapassou os limites da disciplina de Metodologia e, em 2009, também fez parte da antiga disciplina Gestão da Informação e do Conhecimento, que ministrei, à época, em conjunto com a Profa. Sofia (ver post aqui). Foram 5 turmas com banners físicos antes da 1/2013. Os resultados palpáveis puderam ser sentidos em maior participação de nossos alunos apresentando pôsteres em congressos nacionais, bem como no aprimoramento da modalidade banner em nossos WICIs. Em 2012 tentamos fazer banners virtuais, mas a proposta, em termos de discussão e divulgação, não foi muito para frente. Nesse semestre, por sugestão da Profa. Sofia, retomamos esse tipo de atividade (ver post aqui), que foi bem sucedida, a julgar pelo retorno dado por alguns alunos, pela cara de satisfação de todos tirando fotos e mais fotos ao lado dos próprios banners e, principalmente, pela qualidade dos resultados observados (ver post aqui).

Este Blog foi inaugurado em 12 de março de 2010, estimulado pelo Prof. Marcelo, responsável pelo blog "Ciência Brasil". De lá para cá foram mais de 40 meses a serviço do PPGCINF, como indicava o antigo subtítulo: "Blog destinado a auxiliar nas atividades da disciplina do curso de pós-graduação em Ciência da Informação da UnB" (ver print screen aqui). Foram incontáveis horas da vida privada dedicadas a ele. O resultado computou, até 26/ago, mais de 113.000 acessos. O sucesso na transposição das fronteiras físicas da sala de aula pode ser detectado pelo fato de 12% do público ser externo ao país e 78% de fora de Brasília. O alcance chegou a 89 países em todos os continentes. Foram 1.373 cidades, sendo 788 no Brasil. Eu e outros 20 autores publicamos 183 posts, que provocaram mais de mil comentários. Deste blog foram criados 58 outros blogs de alunos de pós. Nosso post mais acessado teve de 24 mil leitores e contou com 117 comentários. Como apoio didático, o blog esteve presente em 8 turmas diferentes, sendo 5 de mestrado (4 na UnB e uma na UdeA, Colômbia), uma de doutorado (na UFES) e duas de especialização (na UnB).

A inovação sempre é incômoda para quem gosta das coisas mais estáticas. A experiência com blogs, já em 2010, gerou ruídos, que culminaram em um post-advertência sobre a necessidade de discussão franca e aberta entre alunos de uma universidade pública e gratuita com eventuais interlocutores (ver aqui). Apesar disso acredito, pela experiência acumulada, pelo retorno recebido e pelo uso da metodologia em turmas diferentes, que o balanço geral é bem positivo. 

A disciplina de Metodologia, no período 2007-2013, também inovou ao tentar provocar nos alunos o pensamento crítico e a reflexão aprofundada sobre a própria pesquisa. Os clássicos manuais que traziam “receitas de bolo” para a pesquisa standard foram abandonados; uma bibliografia distinta e questionadora foi adotada. As ideias de Tomanik tornaram-se bastante familiares aos alunos, bibliografia até então inédita no programa (conforme foi mostrado em trabalho anterior); o próprio Tomanik tornou-se conhecido de muitos, vindo participar de mesa redonda, respondendo a e-mails de alunos e participando de alguns seminários, via Skype. Newton Freire-Maia e Milton Santos são mais alguns exemplos somados ao rol de autores antes não discutidos nos cursos de metodologia da FCI; procuramos, assim, fomentar a discussão crítica sobre o lugar que ocupamos ao desenvolver ciência, com recursos públicos, em um país tão desigual.

Ter a disciplina voltada para o pensamento crítico, por meio da desconstrução de supostas verdades, tem como efeitos colaterais a ausência de um direcionamento mais "objetivo" da aula e a ausência de uma explicação mais técnica sobre os principais métodos específicos de pesquisa aplicados (ou aplicáveis) em CI. As incertezas e angústias, que surgem quando se evita tal direcionamento supostamente técnico, foram usadas como estratégia para levar os discentes a tornarem-se construtores do próprio conhecimento e a buscarem, por si mesmos, as respostas necessárias às perguntas que surgem da desconstrução. Não se trata, portanto, de uma lacuna, porém de um espaço a ser criticamente construído pelo aluno, através da pesquisa ativa e, sobretudo, do contato sistemático e regular com o próprio orientador.

Como tudo na vida tem seu fim, esta proposta didática, que teve um de seus objetivos definidos como "desenvolver nos alunos atitude crítica cientificamente fundamentada e capacidade para identificar problemas pesquisáveis nas áreas de ciência da informação, com vistas ao aperfeiçoamento de projeto de pesquisa original, visando dissertação de mestrado", chega a seu termo, no âmbito do PPGCINF, após 6 anos de aplicação e aprimoramento. 

Este blog estará, doravante, desvinculado do PPGCINF-UnB, mas manterá seu enfoque analítico, conforme aponta seu novo subtítulo: "Ambiente virtual de debate metodológico em Ciência da Informação, pesquisa científica e produção social de conhecimento".

6 comentários:

  1. Querido prof. André, Ainda hoje, por coincidência,estava comentando a profunda, gratificante e importante experiência de aprendizado com o auxílio do Blogger, em especial, o de metodologia ci. Mesmo após o término da disciplina sempre dava uma passadinha para acompanhar as discussões dos alunos das novas turmas ou relembrar alguns pontos discutidos. Venho então parabenizá-lo por todos esses anos em que o blog esteve no ar e que para mim foi fundamental no meu processo de construção e desconstrução do aprendizado sobre os métodos aplicáveis em CI. É uma pena chegar ao fim. Gostaria de agradecer também por toda a dedicação ao ensino e manutenção do blog. Abraços, Janaina

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  2. A ciência, busca sobre regras aquilo que os alunos têm como formas de fazer, o quê? Um projeto de pesquisa conforme a receitas prescritas nos manuais de metodologia cientifica. Isso é o que muitos dos alunos da disciplina achavam que iriam encontrar. Quando, percebiam que não era essa proposta, lá vinha o desespero. Eu mesmo, como aluno, confesso que fiquei na dúvida, mas, o que eu estava buscando envolvia algum mais - o envolvimento da teoria com a prática -, ou seja, o envolvimento direto do pesquisador com a pesquisa em si - a saída seria a pesquisa Ação -, que às vezes não é entendida na sua essência. Mas, foi fascinante buscar uma visão crítica da formação da ciência, tanto pura quanto social. Essa busca gerou uma base de conhecimento até então pouco desbravada por mim. Hoje posso afirmar sem sobra de dúvida que há varias formas de se fazer e ver como a ciência se desenvolve. Isso foi provocado pelas visões criticas nas leituras das obras de Tomanik - no seminário fizemos uma teleconferência ao vivo via skype com o professor e a turma -, Khun , Popper, Japiassu entre outros autores que promoveram essa visão diferenciada da forma de pensar e fazer ciência. Creio, tanto quanto esses autores fizeram parte da minha vida e dos colegas de curso fazendo-nos olhar além, das formas cotidianas de se estruturar uma pesquisa. Provocando uma reflexão crítica do próprio professor que nos fazia questionar e podermos então fundamentar aquilo que nos tínhamos como pré-projeto.
    Assim como eu, provavelmente todos tiveram suas pesquisas redefinas e realinhadas depois dessas reflexões. Num post, eu disse: eu tinha um projeto, e muitas mudanças ocorreram, quando a disciplina encerrou, o projeto tinha outra roupagem. E, aqui estou como ex-aluno de mestrado e agora de doutorado. Parabéns e obrigado pelos ensinamentos prof. André.

    Luiz Carlos Flôres de Assumpção

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  3. André, meu amigo

    Você sabe o quanto admiro o seu jeito de ser moleque.
    Moleque, aqui, não tem qualquer sentido pejorativo.
    Ao contrário, moleque é aquele que quando se depara com um muro alto, logo dá um jeito de escalá-lo e de saltar para o outro lado. Com isto, além de ter criado ou aperfeiçoado uma técnica de escalada, ganha acesso a um novo espaço e a novas possibilidades de ação (e de diversão).
    Quando o muro é alto demais para ser escalado, o moleque não se importa de ficar todo sujo e nem com o esforço que isto representa, mas cava um buraco e passa por baixo do obstáculo.
    Quando o muro é inútil ou é apenas uma antiga proteção para algo que não precisa e não deveria ser protegido, o moleque é aquele que chama a turma e juntos vão retirando tijolo por tijolo, um pouco por dia, até que o muro seja apenas uma lembrança (e ainda aproveitam os tijolos para fazer as traves do campinho de pelada).
    Parabéns pela criação e manutenção desta molecagem informático-pedagógica e sucesso na próxima fase. Afinal, você só vai mudar algumas regras, mas a brincadeira continua.

    Um grande abraço
    do amigo e admirador

    Tomanik

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  4. Parabéns pela grande iniciativa e dedicação. E obrigada pelas provocações metodológicas! =)

    Grande abraço,
    Clara Bessa.

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  5. Riscos, riscos e riscos. Fazer o caminho ao caminhar é coragem assumida pela sua proposta de trabalho. Os manuais não são artesanais; são industrializados e estandardizados. Foi nesse contato que pude observar o quão maior pode ser o alcance de uma universidade, de uma discussão universitária, de uma criticidade ao olhar os objetos a partir de vários pontos de vista. Quando tive contato com a disciplina pensei: "era isso que queria o tempo todo, mas só agora chegou". Foi nesse tipo de processo de ensino-aprendizagem que pude me perceber como co-autor, como sujeito participante do processo de construção dos caminhos. Em algum momento na vida cair e se machucar passam a ser empecilhos para se levantar e arriscar novamente. Poucos têm a coragem de assumir os riscos de riscar caminhos com as próprias mãos. Esse "moleque" aí continua tentando, aperfeiçoando, ciente de seus limites e transpondo barreiras. A "deformação" que tive ao passar por esse caminho me fez deixar a noção de formação (essa sim deformadora e diretiva). Continuemos. O Parque de diversões ainda está aberto e eu continuo com o ingresso na mão.
    Abraços e parabéns!

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  6. Para quem não sabe, Rodrigo hoje é mestre, professor concursado de universidade pública e autor do texto-conceito deste blog, disponível na guia "A proposta deste blog".

    É o exemplo cabal daquilo que Henry Chero Valdivieso coloca no portal da RedDOLAC sobre educação: "Ninguém ensina a ninguém: com humildade para aprender, tod@s aprendemos com tod@s".

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