Copiado do Portal da UnB do dia 6/abr/2011 |
Responda rápido e sem preconceitos: você aceitaria um convite para ser professor universitário na Colombia, na cidade de Cali,? Por favor responda de novo e desta vez sem preconceitos. A Universidad del Valle está com 31 vagas abertas para professores de diversas áreas, a maioria em tempo integral (ver aqui). Ainda não se animou? Se olharmos para os últimos dados do ranking Webometrics de universidades, de janeiro de 2011 (acesse aqui), é possível ver a USP na 51ª possição, a UnB na 328ª e a del Valle em 958º lugar. Somente esses dados, somado ao (infeliz) preconceito generalizado sobre a Colombia, já fariam qualquer profissional "sério" achar que este post é apenas mais uma brincadeira didática para os alunos de metodologia.
No e-mail de divulgação que recebi há um tópico intitulado "Por que se vincular à Universidade del Valle?", que elenca alguns benefícios que para mim, como professor da UnB, são absolutamente estranhos para a minha realidade (talvez sejam mais comuns no universo do poder legislativo brasileiro). Destaco algumas:
No e-mail de divulgação que recebi há um tópico intitulado "Por que se vincular à Universidade del Valle?", que elenca alguns benefícios que para mim, como professor da UnB, são absolutamente estranhos para a minha realidade (talvez sejam mais comuns no universo do poder legislativo brasileiro). Destaco algumas:
- 16,89 salários anuais, incluídos gratificações e respectivas taxas adicionais sobre elas (exatamente igual ao caso da UnB, onde mal recebemos 13 salários, com corte das gradificações de férias e incerteza sobre o adicional de 26% da URP);
- após dois anos de efetivação, direito a receber comissão no caso de capacitação para mestrado ou doutorado (exatamente igual à UnB que quer cercear o direito de férias de professores afastados para capacitação);
- comissionamento para assistir ou participar como representante da universidade em funções didáticas, de pesquisa ou extensão (exatamente igual à UnB que nos paga sempre corretíssimas diárias e nos financia em todas nossas representações);
- ano sabático (coisa para lá de usual em todas as grandes universidades do mundo, que libera de tempos em tempos seus professores para dedicarem-se integralmente à pesquisa por um ano inteiro, assim como ocorre em todas as IFES brasileiras)
- bonificações pagas em contrapartida a produtos acadêmicos tais como
> vídeos, audiovisuais, ou produção sonora de impacto regional ou local (como foi o caso de colegas da UnB que ganharam prêmios no Festival de Cinema de Brasília);
> obras artísticas que tenham impacto regional ou local;
> apresentação em eventos especializados (eles pagam mais para quem apresenta trabalhos em congressos!, igualzinho às IFES nacionais);
> publicações especializadas, incluindo traduções (também pagam mais, assim como nós, aos professores mais produtivos);
> orientação de teses e dissertações (quem orienta mais recebe mais, quem não orienta recebe menos, "iguar qui nem" aqui).
Já sei, já sei. Tem gente pensando "pena que a Colombia é tão longe", ou "Ok, mas salário não é tudo, como será que é infraestrutura física ?"
Copiado do blog "Ciência Brasil" |
Em 1974 o economista Edmar Bacha cunhou o termo "Belíndia", para indicar os contrastes de um país que tem uma elite com riqueza similar aos belgas e um estrato de pobreza equivalente à Índia. Em 1993 Caetano Veloso compôs Haiti, que destaca os contrastes de uma sociedade desigual e hipócrita. Será que a redenção das universidades brasileiras, e o seu posicionamento estratégico em um projeto nacional, só será possível se um terremoto avassalador, como o que varreu o Haiti no ano passado, destruir a atual estrutura de pesquisa, desenvolvimento e ensino superior? Ou será que os déspotas esclarecidos dos altos escalões, pouco a pouco, darão à sociedade os frutos da atual política para as universidades.
Em tempo: entre a elaboração deste post e sua publicação. um verdadeiro temporal varreu por dentro o maior edifício da UnB. Mostar tais imagens agora poderia soar como oportunismo. A foto das obras do Gama são de ANTES do dilúvio do minhocão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente & argumente