Ambiente virtual de debate metodológico em Ciência da Informação, pesquisa científica e produção social de conhecimento

sábado, 31 de dezembro de 2011

2012 - abertura da temporada de Lattualização

 - Dona Capes, este ano eu não publiquei, não orientei, não apresentei nada e mal dei aulas; o que devo fazer?
- Apenas indique as aulas dadas em "Atuação Profissional - Vínculos/Atividades",  e não esqueça de clicar no envio das atualizações.
- Só isso? Obrigado.
- Ah,  prometa que no ano que vem você ira´produzir mais.
- Prometido!

Com a virada do ano começa a época de atualização curricular dos pesquisadores brasileiros, atividade obrigatória para todos os que estão ligados a algum programa de pós-graduação. A lógica é informar a grande-irmã CAPES de tudo o que fizemos no anos pregresso. Com base nos Lattes atualizados dos pesquisadores, os programas preenchem um outro formulários, muito maios complexo, com os dados consolidados do coletivo dos professores e alunos. O irônico é que quanto mais produtivo o pesquisador for mais trabalho insano ele terá para "enquadrar" sua produção  nas categorias estanques do formulário. Alguns pesquisadores mais ingênuos perdem tempo precioso para incluir e padronizar palavras-chave (que nunca são acessadas) e setores de aplicação (que são modificados a todo tempo). O ideal de ir atualizando os dados à medida em que a produção vais sendo realizada nem sempre é viável para pesquisadores envolvidos com projetos, orientações e atividades administrativas. A parte positiva de tudo isso é que muitos poderão aproveitar uma parte dos merecidos dias de férias em 2012 e lattesjar o que seja necessário (veja aqui post sobre o significado do neologismo).

Aproveitando o espírito festivo do fim de ano segue uma piadinha bastante conhecida na net:
Por que Deus nunca chegará a ser pesquisador de produtividade?
1. Só tem uma publicação.
2. Esta publicação não foi escrita originalmente em inglês.
3. A referida publicação não consta do Qualis.
4. Há quem duvide que Sua publicação tenha sido escrita por ele mesmo. Em um exame rápido, nota-se a mão de, pelo menos, 11 colaboradores.
5. Desde Sua (questionada por muitos) criação do mundo não produziu mais nada.
6. Dedicou pouco tempo ao trabalho (apenas 6 dias seguidos).
7. Poucos colaboradores Seus são conhecidos.
8. A comunidade científica tem muita dificuldade em replicar Suas experiências.
9. Seu principal colaborador caiu em desgraça ao desejar iniciar uma linha de pesquisa própria.
10. Nunca pediu autorização aos Comitês de Ética para trabalhar com seres humanos.
11. Quando os Seus resultados não foram satisfatórios, afogou a população.
12. Se alguém não se comporta como havia predito, elimina-o da amostra.
13. Dá poucas aulas e o aluno, para ser aprovado, tem que ler apenas o Seu livro, caracterizando endogenia de idéias.
14. Segundo parece, Seu filho é que ministra Suas aulas.
15. Atua com nepotismo, fazendo com que tratem Seu filho como se fora Ele mesmo.
16. Expulsou os Seus dois primeiros orientandos por aprenderem muito.
17. Não teve aulas e nem fez mestrado com PhDeuses.
18. Nunca submeteu trabalhos à avaliação por pares.
19. Não tem TOEFL.
20. Seu Lattes não pode ser atualizado porque foi encontrada uma divergência de dados com a Receita Federal 
Aqueles que desejarem uma análise mais séria do essa acima sobre algumas distorções da avaliação científica nacional  podem ver nota publicada no jornal da SBPC aqui.

Este Blog deseja a todos seus colaboradores e leitores um
 EXCELENTE 2012
cheio de produções para serem lattesjadas !!!

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O papel social da pesquisa científica

Copiado de De Rerum Natura

O papel social da pesquisa científica

Caroline Lopes Durce &  Caroline Maria Beasley
(mestrandas do PPGCINF-UnB)

Tomanik e Milton Santos trazem em suas obras, a preocupação a respeito do uso das Ciências como meio de controle social. Para eles, as Ciências Sociais deve se colocar em oposição a essa corrente, e sim permitir que a sociedade conheça e perceba a realidade em que está inserida. 

Milton Santos, em seu trabalho “As humanidades, o Brasil, hoje: dez pontos para um debate”, diz que o grande desafio das Humanidades é discernir a verdadeira estrutura do Mundo. Para o autor, o “problema crucial é que a ciência, tributária da técnica e do mercado, cada vez mais se submete a princípios perversos de organização”, o que empobrece a pesquisa. 

Esse uso da ciência, abordado pelo autor, de maneira a servir ao Poder (Estado e Mercado) desvirtua o sentido de se fazer ciência, tornando às Humanidades “tributárias e não propriamente críticas”. Para o autor, as Ciências Humanas, nesse contexto permanecem em um segundo plano, já que não conseguem ter a dinâmica de resultados imediatos das Ciências Exatas. Ele defende que as Humanidades devem, mais do que nunca, fazer cumprir o seu papel, para terminar com a lógica de dominação por interesses econômicos. 

Tomanik, por sua vez, aponta que, enquanto as Ciências Sociais se mantiverem a sombra do modelo empírico proposto pelas Ciências Naturais, aquelas serão simplistas em seus objetivos e métodos. O autor afirma que a visão empirista de ciência; que prega sua objetividade, naturalidade e neutralidade; deve dar lugar a uma humanização da ciência, onde a não-neutralidade e os aspectos ideológicos são considerados possíveis. Essa humanização abre a possibilidade que os objetivos das ciências evoluam da descrição e controle para a compreensão e a transformação. Para ele, “o conhecimento científico só terá sentido se puder, de alguma maneira, ser reapropriado pela comunidade ou indivíduo a que se refere, e checado por eles, em suas práticas”. 

A nosso ver, os dois autores chamam a atenção para o papel das Ciências Sociais como contraponto no uso das Ciências para a dominação de um pensamento das classes dominantes. O cientista não pode adotar uma postura ingênua em suas opções de pesquisa. Ele deve compreender seu papel na transformação da sociedade, embora esse não seja seu fim imediato, tal como colocado por Tomanik: “Não se propõem mais [as Ciências Sociais] a conhecer para controlar, mas compreender para participar.” 

Referências:
  • SANTOS, Milton. As Humanidades, o Brasil, hoje: dez pontos para um debate. In: HUMANIDADES, pesquisa, universidade. São Paulo: Comissão de Pesquisa/FFLCH-USP, 1996. p.9-13. 
  • TOMANIK, Eduardo Augusto. O que é ciência? : a ciência no discurso dos cientistas. In: ______. O olhar no espelho: “conversas” sobre a pesquisa em Ciências Sociais. 2. ed. rev. Maringá: Eduem, 2004. Cap. 3, p. 55-113.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Ganhe um livro para analisar o Projeto Memória Ferroviária


O intuito deste post não é apenas apresentar uma boa inciativa de "webzação" de projeto, mas dar continuidade as práticas que sempre nortearam este blog, ou seja, ser um espaço plural de discussão de pesquisas, como pode ser visto nos inúmeros projetos discentes aqui linkados. 

O coordenador do Projeto Memória Ferroviária (PMF) me perguntou sobre algumas sugestões que eu poderia dar ao ambiente virtual do seu projeto. O "resumo da ópera" do que escrevi a ele está ligado ao fato de meu olhar ser focado com a perspectiva bloggeira, que gostaria de ver mais dinamicidade, interação, colaboração etc. Será que toda pesquisa tem mesmo que apresentar tais características quando vai à web? De qualquer modo já está mais do que na hora de a academia começar a usar&abusar da web para divulgar pesquisas.


Sugestão de atividade: criticar construtivamente o site PMF, usando o ambiente dos comments, abaixo, para isso. 
  • Prêmio: a melhor análise, se tivermos um mínimo de 10 participações, concorrerá a um exemplar do livro "O olhar no espelho" de Eduardo Tomanik, bibliografia obrigatória para os alunos de Metodologia do Mestrado do PPGCINF/UnB em 2012. 
  • Prazo para concorrer ao livro: 23/12/2011
  • Julgamento: Prof. Eduardo Romero de Oliveira (coordenador do PMF)
  • Entrega do prêmio: no PPGCINF-UnB, para os residentes em Brasília; a combinar para os demais.
ATENÇÃO:  atividade OBRIGATÓRIA para os alunos do GSI/FT-Redes.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Nova ciranda metodológica

Boy Scout in Gozo - Malta (photo by André Lopez)
Muitos alunos de especialização "sofrem" quando ouvem a palavra PROJETO. Sofrem mais ainda quando ela está associada a uma outra: ENTREGAR. Os alunos de GSI da Engenharia de Redes, do prof. Laerte estão "sofrendo" desse mal. Alguns já fizeram uma versão preliminar e outros (poucos) nem essa. O momento da ENTREGA do PROJETO final se aproxima e este blog, para colaborar, sugere mais uma atividade de troca de opiniões. 

A atividade consiste em:

1. Esperar que a Liliane dê início ao processo, escrevendo no comment a abaixo:
a) um resumo de até 50 palavras;
b) indicação de qual é a base empírica a ser utilizada
c) indicação de possível contribuição à pesquisa em SI
d) indicação de possível aplicação prática

2. Analisar o comment anterior do colega (sem medo de criticar; as críticas devem atingir somente às ideias e não a pessoa).

3. Repetir o procedimento feito pela Liliane em 1.

4. Seguir com os passos 2 e 3.

Atenção!!! 
A atividade é focada para os alunos de GSI, porém é ABERTA a todos os interessados; basta se identificar. Todos podem repetir o ciclo quantas vezes acharem necessário.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Sobre a subjetividade científica

Copiado de Psicologia aplicada às organizações
Por Helda Pinheiro
(bibliotecária, aluna especial do PPGCINF/UnB)

Ao pesquisar para responder as questões do blog, cujo tema era " Existe Neutralidade e Impacialidade na Ciência?" (ver post aqui),encontrei esta pérola sobre Ciência, do Max Weber, que quero partilhar com vocês:
“O fim precípuo de nossa época, caracterizada pela racionalização, pela intelectualização e, principalmente, pelo 'desencantamento do mundo' levou os homens a banir da vida pública os valores supremos e mais sublimes. Esses valores encontram refúgio na transcendência da vida mística ou na fraternidade das relações diretas e recíprocas entre indivíduos isolados.”
(Max Weber. Ciência e política: duas vocações. São Paulo: Martin Claret, 2006).
Eis a minha opinião:
concordo com o Weber, pois entendo que por mais que a Ciência evolua o grande mal dela é estar apartada da espiritualidade, da "transcedência da vida mística", pois acredito que fazemos parte de um todo e não há como separar, a presença da unidade, interligada a tudo na existência, está sempre conosco. Ela é o que somos, infelizmente não temos consciência deste fato.

Por favor comentem também para que continuemos refletindo sobre a ciência e suas incertezas.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A importância da linguagem em pesquisas científicas

Copiado de Help with Technical and Scientific Writing
Por Janaína Bezerra
(mestranda do PPGCINF-UnB

No decorrer da disciplina, quando utilizamos como base o texto de Tomanik (2004) foram realmente novas “conversas” sobre as pesquisas sociais, porém não é o meu objetivo aqui falar de todas essas novas descobertas e conversas, mas tão somente salientar a importância da linguagem em pesquisas sociais. A escolha dessa temática não se deve ao fato  desta ser mais ou menos importante que os demais temas estudados, pois acredito que o cientista ao elaborar uma pesquisa científica dever estar atento a todos os requisitos que envolvem a elaboração de uma pesquisa científica.
Um dos motivos pelos os quais escolhi essa temática se deve ao fato de que achei muito interessante a importância e o cuidado que devemos ter ao elaborar uma pesquisa científica para que se torne compreensível, claro e objetivo o que estamos falando, afinal de contas temos que ter em mente que a pesquisa não ficará restrita a nossa gaveta ou biblioteca particular, mas que ela será vista, criticada e discutida por nossos pares (comunidade científica) e demais interessados e, portanto,por isso ela deverá ser clara, compreensível e objetiva, não é mesmo? Mas como fazer isso?
Não pretendo aqui ser uma manual de primeiros socorros, mesmo porque estou longe de ser o médico, talvez, no máximo ,o indivíduo que a partir de algumas observações liga para o serviço de emergência. Então, vamos lá!
Uma das primeiras observações a partir do texto de Tomanik (2004) que me chamou a atenção foi “Nossa vida em sociedade depende fundamentalmente de nossa capacidade de produzir e enviar, receber e compreender mensagens das mais diversas naturezas” (TOMANIK, 2004, p. 116). Desde que nascemos estamos diariamente em um contínuo processo de compreender e ser compreendido, exercendo e nos aperfeiçoando na capacidade, se não arte, de comunicação de informações e mensagens e, com a pesquisa científica, não seria diferente, mas seria da mesma forma o processo de linguagem? Não, claro, isso pode parecer óbvio, não é mesmo? Mas como deve ser essa linguagem? Aí está o “pulo do gato” e Tomanik (2004) nos brinda com reflexões interessantíssimas o autor afirma que esta linguagem dever ser resultado de uma reflexão mais aprofundada sobre os termos que estamos utilizando e respeito da construção da frase e, ainda,  nos informa que esta dever ser “mais estável, mais fria e “disciplinada”, para garantir a qualidade de sua comunicação, normalmente baseada em informações mais claras e precisas do que as da comunicações cotidiana” (TOMANIK, 2004, p.116) ou seja, devemos evitar expressões e termos mais coloquiais, gírias e sermos mais objetivos, claros e organizados naquilo que pretendemos informar. 
Outro ponto a ser discutido, e, que, facilita a clareza e a objetividade da linguagem científica, é  sintetizar os conceitos, ou seja, devemos nos utilizar de conceitos que não tenham muitos significados ou que dêem margem  a muitas e diferentes interpretações. Clareza, objetividade e precisão, lembram?
Até aí tudo bem? Ótimo, porque tem mais pontos que precisam ser discutidos e, agora, vamos voltar nossa atenção para outro ponto interessante a ser discutido que são os juízos de valor muitas vezes empregados em textos científicos. Mas o que são conceitos, juízos e juízos de valor? Ora, se tentarmos definir o que é uma universidade, provavelmente, diremos que é um ambiente pluridisciplinar para a formação de profissionais de nível superior, etc. agora quando definimos o que é uma boa universidade já estamos emitindo um juízo, ou seja, “o juízo, portanto, é uma relação entre conceitos” (RUDIO, 1981 apud TOMANIK, 2004, p. 120) e ainda, segundo Tomanik (2004, p. 120)” o juízo é uma relação entre conceitos que exprime muito mais uma convicção de quem o emite, do que uma efetiva característica do fenômeno a que se refere” . Então, qual a importância saber o que é conceito e o que é juízo para a ciência? Ora, porque segundo o autor do texto estudado é:

“A tarefa da ciência, portanto, é muito mais de tentar tornar claro, sempre que possível o que é conceito e o que é, ou pode ser juízo, do que se propor a eliminar total e definitivamente, os juízos do seu discurso”. ( TOMANIK, 2004, p. 121)

Duas reflexões são importantes no momento de elaboração do texto científico: Para quem se escreve e para que se escreve? A partir das repostas a esses questionamentos fica mais fácil a identificação de nosso leitor, assim como a escolha dos termos e conceitos que serão utilizados, a estrutura (discurso) enfim a linguagem que será utilizada para que o texto fique claro, compreensível, objetivo e não se torne monótono ou confuso para a leitura.
Seguem algumas reflexões extraídas da leitura do texto de Tomanik (2004, p. 127-132) que deverão ser observadas no momento de elaboração do texto científico.

  • “Jamais escreva para você mesmo”
  • “A avaliação do texto deve ser feita por membros do grupo a qual ele se destina (...) o autor não é um bom crítico de sua obra”
  • “Tenho que ter certeza que conheço os termos que emprego, que as palavras que utilizo não são apenas enfeites, aparência de conhecimento”
  • “Tenho que ter um cuidado todo especial com a clareza das frases que elaboro, além de não utilizar conceitos que não domino, especialmente, entre aqueles próprios de minha área”
  • “(...) a mudança de uma palavra na definição de um conceito pode alterar substancialmente seu significado”
  • “ A preocupação com a clareza, porém, pode evitar a elaboração de textos pretensiosos e fúteis, em que a pobreza de conteúdo procura se ocultar sob a forma de um discurso rebuscado e hermético” 

             Escrever um texto científico é uma tarefa nada fácil, a melhor maneira de fazer é exercitando e pondo em prática. E então, vamos por em prática?

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Pesquisa sobre cidadania

Sempre com o intuito de colaborar para a reflexão sobre instrumentos de coleta de dados, este Blog, divulga mais uma pesquisa para ser analisada. Sugiro que a análise sobre instrumento seja feita nos "comments", somente após de abrir e preencher o questionário.
Boa sorte!

Copiado de Educação à Brasileira

Pesquisador da UnB investiga a relação do Cidadão com o Congresso Nacional.

O questionário elaborado pelo pesquisador Thiago Carneiro, aluno de Doutorado do Departamento de Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações da Universidade de Brasília, busca identificar como os cidadãos enxergam e interagem com o Congresso Nacional. As perguntas versam sobre questões da política que se refletem no nosso cotidiano, permitindo que o participante avalie a imagem da instituição e as oportunidades de que dispõe para transformá-la.


O participante não precisa se identificar. As respostas são tratadas de forma agrupada. Para responder à pesquisa, basta clicar no link Pesquisa: O Cidadão e o Congresso Nacional

Caso deseje conhecer os resultados da pesquisa, escreva para o pesquisador (lopescarneiro@unb.br), que você receberá uma mensagem quando os resultados ficarem prontos.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Sobre o Conhecimento Científico

copiado de Galeria de Raoultrifan
Thiago Moraes (mestrando do PPGCINF-UnB)

Nas discussões em sala de aula sobre “o que é Ciência” e o “como fazer Ciência” nos deparamos com questionamentos sobre a natureza do conhecimento científico. Esta, muitas vezes é erroneamente apresentada como existente em um senso comum, onde um conjunto de regras pré-estabelecidas seriam suficientes para nortear todo o processo científico. Há, porém, uma série de fatores que influenciam esse processo e vêm por alterar a sua fundamentação. Com o objetivo de elucidar algumas dessas reflexões, exponho algumas opiniões extraídas dos textos de Tomanik (2004) e Furlan (2003). Este último autor, elaborou um artigo em que apresentou teorias que polarizaram as discussões da filosofia da ciência nas últimas décadas e serão comentadas a seguir. 

Por muito tempo, o conhecimento científico esteve suportado pelo Conceito de Indução, em que a Ciência poderia ser certa e segura, se interferências que distorcem seu verdadeiro sentido fossem eliminadas. Francis Bacon (1561-1626), autor conhecido como fundador do empirismo defendeu essa idéia nas obras que compôs em sua vida. Ao afirmar que o método científico era um método baseado em observação, que deveria ser rigorosa e isenta de preconceitos, Bacon acreditava que existiam regras precisas para a construção da ciência da natureza. 

A primeira crítica ao empirismo veio com David Hume (1711-1766) que atacou o princípio de causalidade, que é o raciocínio experimental pelo qual do presente se conclui o futuro (Ex: a água colocada no fogo vai ferver, a barra de metal aquecida vai se dilatar, amanhã fará dia etc.). Hume afirma que muitas vezes afirmarmos mais do que vemos, e assim deixamos de conduzir uma experiência imediata para fundamentar os fenômenos observados. Esse posicionamento de Hume não nega o empirismo. Ele apenas expõe uma visão de ceticismo: explicar psicologicamente a crença de um fenômeno no princípio de causalidade é recusar todo valor a esse princípio. Do particular (ocorrências datadas e situadas) não se pode inferir com necessidade o universal, que é o que interessa à ciência na elaboração das leis da experiência. 

Na época Contemporânea, Popper (1959, 1999) veio com uma crítica ao princípio da indução, afirmando que esta é um mito, não apenas do ponto de vista lógico, mas da prática científica. Popper diz que não se espera a repetição ou a sucessão de eventos para, então, indutivamente, chegar a conclusões sobre os problemas. Salta-se para hipóteses arriscadas que são testadas depois passo a passo. Dessa forma, o método indutivo estaria na origem das teorias científicas, ignorando a importância da presença de hipóteses e teorias para a organização da experimentação. 

Popper defende a metodologia falsificadora da ciência, passando a exigir que toda teoria com pretensãode cientificidade possibilite a dedução de proposições que, se ocorrerem, a falsifique, ou, que proíbao aparecimento de certos fatos, sendo tanto melhor quanto mais proíbe, ou maior seu conteúdo empírico. Dessa forma, enxerga que a ciência consiste de conjecturas ou enunciados universais na solução dos problemas, e a partir deles faz-se a dedução da ocorrência de fatos que, caso não ocorram, contradizem o enunciado geral, falsificando a teoria proposta. 

A falsificação de uma teoria, porém, não invalida esta de imediata. Para Popper existe a possibilidade de criação de hipóteses auxiliares, na tentativa de se salvar uma teoria, mas as alterações devem levar à previsão de fatos novos (falseáveis) e não ao enfraquecimento da estrutura lógica da teoria. 

Outro autor que critica o princípio da indução, mas de forma mais branda é Hempel (1981) que chama a atenção para o fato de que, sem a criação de hipóteses, o método indutivo não pode ser operante, isto é, que ele depende de hipóteses que discriminam elementos relevantes para o problema, para então verificá-las indutivamente. 

Popper salienta dois aspectos no desenvolvimento da ciência: a) conjecturas teóricas arriscadas b) refinação de teorias estabelecidas. Chalmers (1993), defensor da visão criticista de Popper, afirma que não se aprende, ou se aprende muito pouco, com conjecturas cautelosas, porque estas mais confirmam o conhecimento atual do que possibilitam avanços significativos nas teorias; elas são sempre conservadoras. Conjecturas arriscadas, ao contrário, rompem com a maneira comum de pensar, e por isso, quando confirmadas, representam avanços significativos. 

Outro autor considerado marco na filosofia/história da ciência foi Thomas Khun (1992). Em sua obra, a Estrutura das Revoluções Científicas, apresenta um relato histórico do desenvolvimento da ciência. Sua obra é considerada uma crítica à visão popperiana, não no sentido de atacar diretamente as visões deste autor, mas porque Kuhn incentiva uma visão acrítica do cientista. Este autor popularizou o termo “paradigma” que representa o pressuposto comum de uma comunidade científica, que envolve determinada concepção de mundo e um conjunto de regras de procedimentos de pesquisa. Em síntese, o paradigma é a base comum de acordo da comunidade científica, a partir da qual se desenvolvem suas pesquisas e a discussão de suas questões, e é o que Kuhn chama de teoria, no sentido amplo do termo, para enfatizar que a ciência normal não a toma como foco, isto é, não está interessada em discuti-la, mas em resolver quebra-cabeças que são questões presentes no desenvolvimento da aplicação do paradigma à realidade. 

Kuhn defende que o cotidiano da prática científica está voltado para atividades “corriqueiras” de solução de quebra-cabeças no interior do paradigma. Assim, discorda da visão de Popper, que privilegia os momentos de ruptura da ciência. Para Kuhn, é comum a presença de anomalias na comparação de uma teoria científica com a realidade, interpretadas ora como um problema de quebra-cabeças, isto é, solucionáveis no interior do próprio paradigma, ora simplesmente ignoradas. Portanto, não existem experimentos cruciais no desenvolvimento da ciência. 

Lakatos (1979) defende este posicionamento de Kuhn e propõe, em substituição ao critério popperiano de falseabilidade, a idéia de programas de investigação como metodologia das teorias científicas, que consiste em um núcleo teórico que deve orientar as pesquisas futuras para o seu desenvolvimento. Esse direcionamento é indicativo e proibitivo ao mesmo tempo, pois dirige as pesquisas no sentido de aplicação da teoria à realidade, conduzindo, se o programa tem êxito, à descoberta de fatos novos e ao desenvolvimento de teorias auxiliares. Porém, ela proíbe o questionamento do núcleo básico da teoria, por este representar a tenacidade do programa, sua persistência, a despeito das anomalias ou incongruências com a experiência. Em outras palavras, a teoria não é falsificável no núcleo básico, está protegida por um cinturão de hipóteses auxiliares, "que tem de suportar o impacto dos testes e ir se ajustando e reajustando,ou mesmo ser completamente substituído, para defender o núcleo assim fortalecido" (Lakatos&Musgrae, 1979) 

Mas a visão de Lakatos não é diametralmente oposta à de Popper, e ele defende algumas opiniões deste autor. Assim, também acredita na idéia de um progresso determinado por avaliações racionais na solução de seus problemas e na substituição de teorias. A distinção entre programas progressivos e degenerativos é um indicador de avaliação. 

Ao contrário do que se possa pensar, essas distinções de pensamento não derrubam a validade das metodologias científicas. Em seu artigo, Furlan enfatiza que há pontos comuns entre Popper e Lakatos e Kuhn. “Um dos principais é o de que enunciados de percepção dependem de teoria.” (Furlan 2003). Apesar desta visão ser enfatizada mais por Kuhn, Popper também acredita nisso ao dizer que não há experiência pura, uma vez que toda ela é organizada por questões, expectativas e teorias; o autor reconhece, inclusive, o importante papel dos mitos na organização da experiência de mundo, quando nãoera possível partir de teorias mais elaboradas sobre a realidade. 

Chalmer (1993) comenta que, para Popper e Lakatos, "a história do desenvolvimento interno de uma ciência será 'a história da ciência descorporificada'". Por ciência descorporificada, se entende o conhecimento objetivo, que transcende o sujeito que o possui. 

É criticada assim, a possibilidade de uma linguagem neutra na observação, o mito de que a experiência dos sentidos é fixa e neutra. Essa opinião também é defendida por Hume. 

Esta revolução do conhecimento científico é importante para percebermos que a visão empiricista da ciência não é mais suficiente para se fazer ciência: novas filosofias devem ser aceitas, principalmente no que concerne as ciências sociais. 

Em um próximo texto, discutirei a não-neutralidade da ciência, no sentido que as formações socioculturais do pesquisador são capazes de influenciar a elaboração do conhecimento científico. 

Referências: 
TOMANIK, E. A. O que é a ciência? A ciência no discurso dos cientistas. In: ____. O olhar no espelho: conversas sobre a pesquisa em ciências sociais. 2. ed. rev. Maringá: Eduem, 2004. p. 55-114. 
FURLAN, R.Uma revisão/discussão sobre a filosofia da ciência. FFLCRP – Universidade de São Paulo, 2003. 
MUNDO DOS FILÓSOFOS. Francis Bacon. Disponível em: <http://www.mundodosfilosofos.com.br/bacon.htm> Acesso em: Junho de 2011 
MUNDO DOS FILÓSOFOS. David Hume. Disponível em: <http://www.mundodosfilosofos.com.br/hume.htm> Acesso em: Junho de 2011

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Angústia para gerar angústia.


Fonte da imagem: The Wall - Wired.com

O relatório de estágio de docência em nível de doutorado na Ciência da Informação produzido por mim chegou a seguinte conclusão sobre seus resultados: faltou angústia.

Planejei uma aplicação de questionário acreditando que o tema seria suficiente para gerar o interesse. Na opinião do autor, tentando sublimar toda sua culpa, a principal questão, que também foi o ponto central dos debates no âmbito da disciplina de Estágio de Docência, é: como gerar a vontade de conhecer?

A vontade de conhecer não surgiu na turma na proporção que o catálogo resultante do questionário, compartilhado com a turma, daria acesso a novas ferramentas úteis. Poucos preencheram o questionário a partir desse chamariz.

A resposta, realmente parece estar na pregação da dúvida, em um olhar filosófico; na geração da tensão, se por um viés físico; no estímulo da diferença de concentração, em uma abordagem biológica; ou na instalação da angústia, psicologicamente falando com o termo utilizado pelo supervisor do estágio.

A angústia leva ao aprofundamento por ter se transformado em uma necessidade do individuo, mas ela poderia ser gerada por coerção? Explico, no caso nosso onde faltou a inserção da atividade no quadro de tarefas da disciplina o questionário não gerou angústia suficiente?

A conclusão é que a angústia deve produzir conhecimento, informação aplicada, e não tarefa repetida, obrigada. A falha parece ter sido mais na indicação de quais seriam os pontos interessantes na atividade do questionário em ligação com a realidade dos estudantes do que nos mecanismos de coerção.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Direitos autorais e licenças.

Copiado de Ecologia Digital
A Biblioteca Central da UnB e a Faculdade de Ciência da Informação promovem conferência e curso a serem ministrados pelo Prof. Luiz Fernando Simón Ramos, catedrático da Universidad Complutense de Madrid, conforme programação apresentada a seguir:
  • Conferência "A questão das licenças na reutilização da informação do setor público - a diretriz da União Europeia de 2003"
    Data: dia 16 de setembro de 2011, sexta-feira
    Horário: das 9h30min às 11h30min
    Local: Auditório da Reitoria
    Aberta ao público
  • Curso "Direitos autorais no ambiente digital: uma perspectiva das bibliotecas"
    Datas: Dias 20, 21 e 22/9/2011
    Horário: das 8h30min às 11h30min
    Local: Laboratório Digital 1 da BCE
    Inscrições para o curso podem ser feitas pelo e-mail direcao@bce.unb.br ou diretamente no balcão da Administração da BCE.
    Nos dias do curso, a entrada deve ser efetuada pela porta de serviço, localizada nos fundos do prédio da Biblioteca Central.
Veja mais sobre o tema neste blog aqui.
Leia também posts sobre o tema no Blog Iberoamericano de Enseñanza Archivística Universitaria aqui e aqui.
O blog "A Informação" traz post recentíssimo sobre o tema aqui.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Considerações sobre a base empírica e dúvidas sobre o tema

copiado de The New York Times - Science
* Alessandra Araújo 
* Laila Di Pietro 
* Marcelo Scarabuci 

Alguns alunos saíram da aula sobre o assunto – Base empírica, com algumas dúvidas. As colocações do Professor nos confundiram, de certa forma, porém como pesquisadores iniciantes, e dessa forma cheio de dúvidas e questionamentos não poderíamos deixa-las, ao menos, tentar responder. 

A primeira discussão, e claro dúvida foI sobre a relação do empirismo ou empiricismo? Tem diferença saibam disso. Ou seja, o empirismo é descrito-caracterizado pelo conhecimento científico, a sabedoria é adquirida por percepções; pela origem das ideias por onde se percebe as coisas, independente de seus objetivos e significados; pela relação de causa-efeito por onde fixamos na mente o que é percebido atribuindo à percepção causas e efeitos; pela autonomia do sujeito que afirma a variação da consciência de acordo com cada momento; pela concepção da razão que não vê diferença entre o espírito e extensão, como propõeo Racionalismo e ainda pela matemática como linguagem que afirma a inexistência de hipóteses. 

Na ciência, o empirismo é normalmente utilizado quando falamos no método científico tradicional (que é originário do empirismo filosófico), o qual defende que as teorias científicas devem ser baseadas na observação do mundo, em vez da intuição ou da fé, como lhe foi passado. 

Para um aluno, a base empírica pareceu ser aquilo que vai ser "estudado" na pesquisa (não se conseguiu definir um termo pra isso), entretanto não seria o objeto de pesquisa, e sim aquilo que nos daria os dados paratal. Dessa forma, conclui-se que, na pesquisa que irá desenvolver, pois seu tema é Organização de acervo fotográfico, em uma determinada instituição, por exemplo, o objeto seria o Acervo Fotográfico dessa instituição, porém a base empírica seriam os dados levantados pelos questionários aplicados nesse local, nessa instituição, bem como, as informações dos manuais utilizados para organização desse acervo e, também o próprio acervo, uma vez que a coleta de dados se dará, também através da observação. 

Para outro aluno, que estudará a preservação de suportes de som, a base empírica pode ser o que está entre a ação (metodologia) e o objeto. Logo, se temos como método "analisar a conservação" e objeto "o acervo de discos x", o que resultar disso será a base empírica. Os dados coletados são os dados que “filtramos”, depois de identificar parte do universo empírico da pesquisa. A base empírica então está acima ainda dos dados, seria ela a coleta de dados "suja"(?). 

A base empírica, assim como o conhecimento empírico, vai variar de pessoa para pessoa. Se o mesmo método for aplicado a um mesmo objeto, por pessoas diferentes, o resultado será diferente. Este resultado é a base empírica da pesquisa. Portanto a base empírica é mutável pela mudança do pesquisador, pela mudança de métodos e, claro, pela mudança de objeto.

Uma pesquisa, portanto, começa sem a base empírica em si, mas apenas com um indicativo de seus instrumentos (método e objeto).Para alguns, sobre começar a pesquisa sem base empírica, segundo primeira interpretação do assunto, entende-se que é possível você começar sem a base empírica, uma vez que você vai criar, por exemplo, questionários ou roteiros de entrevista para o levantamento dos dados que serão analisados. Mas também podemos pensar que esses dados já existiam, você apenas não havia identificado. Será?” 

Ficaram as perguntas: 
  • Uma pesquisa pode começar sem uma base empírica? 
  • A base empírica deve conter elementos da metodologia (instrumentos, etc)? 
  • A base empírica pode ser modificada com o desenvolvimento da pesquisa? 
  • A base empírica não é apenas o local e o que vamos estudar? 

* Alunos da disciplina Metodologia da Pesquisa - PPGCINF/UnB

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Saiba mais sobre softwares que auxiliam na sua pesquisa: desde questionários até análises sofisticadas

Copiado de The Survival Wire

Um estudante de pós-graduação em dado momento se depara com a necessidade de contar com softwares que o auxiliem a coletar dados e posteriormente analisá-los. Dentre os softwares que auxiliam o pesquisador a elaborar questionários, destacam-se o LimeSurvey e o Survey Monkey.


O Lime Survey pode ser usado gratuitamente para quem precisa de até 25 respostas para o questionário. Assim, pode ser bem usado para pesquisas cuja amostra seja pequena. Se o número de respostas for superior a 25 pessoas, pode-se adquirir uma licença do software. Os dados coletados on-line podem são armazenados em banco de dados SQL. É possível visualizar as respostas inseridas, obter estatísticas a partir das respostas, exportar os resultados para o formato Word, Excel, CSV e PDF. Também é possível exportá-los para os softwares SPPS e o .R

Também há o software Survey Monkey com as opções de acesso BASIC (gratuito para até 10 respostas), PLUS (R$49,00 para uso em 1 mês), GOLD (R$599,00 - ano) e PLATINUM (R$1.599,00 - ano). O interessante do Survey Monkey é que o site está disponível no idioma Português, o que não ocorre com o Lime Survey, disponível apenas no idioma Inglês.

Além desses softwares que casam a opção de elaborar e divulgar o questionário para a resposta e armazenar seus dados, gerando análises, também há softwares que auxiliam o pesquisador na administração dos seus textos, na análise de imagens, vídeos dentre outros. Esses outros softwares se enquadram na categoria de Computer Assisted Qualitative Data Analysis Software (CAQDAS). De acordo com Lage (2011) os CAQDAS surgiram no início da década de 1980, tornando-se populares na Europa e Estados Unidos, em especial após a disseminação dos computadores pessoais em meados da década de 1990. Normalmente são pagos, mas com trial disponível por 30 dias. Os mais sofisticados e conhecidos nessa categoria são os softwares NVivo e do Atlas/ti. Para saber mais sobre CAQDAS, acesse os artigos de Lage (2008) e Lage (2011).


O Nivo9 é um software que auxilia na análise de conteúdo. Nele é possível armazenar todos os artigos utilizados em seu projeto de pesquisa. Também é possível fazer comentários nesses artigos e relacioná-los com outros artigos de interesse. O software permite a inserção de fotos, vídeos, bem como realizar a sua análise no próprio software. O NVivo gera análises interessantes de palavras freqüentes (na forma de nuvem de tags ou outras visualizações). Nas entrevistas transcritas podemos relacionar as respostas dos diferentes participantes, criando dessa forma um relacionamento/categorização das respostas. O NVivo é muito usado para quem utiliza a Teoria Fundamentada em Dados (Grounded Theory). Para saber mais sobre o NVivo clique aqui . A QSR (empresa que comercializa e desenvolve o NVivo) oferece demonstrações gratuitas em Português regularmente. Nessas demonstrações muito se aprende sobre a utilização do software e é possível fazer perguntas aos apresentadores. Você deve registrar-se já que espaço é limitado e você precisará conexão a Internet e microfone/fone de ouvido ou telefone para participar. As próximas apresentações, em Português, estão agendadas para os dias 02/08/2011 e 23/08/2011 sempre às 11h. Os interessados precisam se cadastrar antecipadamente, por isso acesse o site. No site da empresa há vários vídeos disponíveis com tutoriais do software. Acesse os vídeos aqui. Além dessas apresentações, há cursos em níveis mais avançados que podem ser adquiridos pelo usuário da ferramenta. O curso Nvivo Fundamentals tem duração de 3 dias, com sessões de duas horas em cada dia. Eles usam a plataforma Webinar para ministrar as aulas. O investimento em dezembro de 2010 para o curso em questão era de $290,00.

O Atlas/ti permite codificar e analisar arquivos em Word, rich text, PDF, Imagem, Video, Áudio e Geo-referência (google earth). Ele teve sua primeira versão disponibilizada em 1993 e desde então suas funcionalidades têm sido aprimoradas. Também é muito usado pelos pesquisadores que utilizam a Teoria Fundamentada em Dados (Grounded Theory). Mais informações sobre o software podem ser obtidas no Fórum de discussão do software. Se você tem interesse em usar um desses softwares, sugiro a leitura do artigo “NVivo 2.0 and ATLAS.ti 5.0: A Comparative Review of Two Popular Qualitative Data-Analysis Programs” que, como o próprio título sugere, faz uma comparação entre os respectivos softwares. Observe que a versão do NVivo citada no artigo é a 2.0. Para acessar o artigo clique aqui

Nesse post, muito foi comentado sobre a Teoria Fundamentada em Dados. Assim, se você deseja saber um pouco mais sobre essa Teoria clique aqui.

Agora que você já dispõe de informações sobre softwares de apoio à pesquisa, mãos a obra!

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Questionamentos na Ciência...

Fonte: Ganso Bicudo

 Por: Carlos H. J. Silva*

A imagem acima é uma provocação à questão da verdade científica. Acreditar cegamente no que a ciência diz, pode nos levar a não acreditar no real. Na imagem acima, apesar de ser uma brincadeira, utiliza-se de duas teorias populares: a já mega conhecida e “comprovada” Lei de Murphy (cujo um dos princípios é de que o pão sempre caíra com a manteiga pra baixo ou suas variantes) e outra Lei, da qual não sei o nome, que diz que todo gato sempre cai em pé, assim vou chamá-la de Lei do Gato Em Pé. 

Partindo da idéia de que ambas as leis são verdadeiras, na teoria as duas unidas resultarão num gato flutuante, correto? Em teoria sim, mas a realidade é essa? Acredito que não, pois nunca tentei colocar um pão com a parte da manteiga voltada para cima nas costas de um gato e o soltei de altura considerável, mas creio que o máximo que acontecerá é o gato cair em pé e o pão cair no chão... 

Mas o que quero dizer com isso? Quero dizer que a ciência deve ser refletida, pois ela não porta uma verdade absoluta e, sim, uma verdade momentânea, mesmo que meus exemplos não sejam “científicos”, servem perfeitamente de parâmetro para o que quero dizer. Assim, o questionar faz parte da ciência, pois é o colocar em xeque que faz a ciência caminhar. Refletir na ciência sobre a ciência é parte da construção do conhecimento humano. 

Nesse contexto, pensar sobre o que lemos e escrevemos (sim, afinal devemos estar atentos ao que produzimos também!), fazer críticas, tecer comentários, estudar mais profundamente um assunto, dar um feedback ao pesquisador etc, faz com que a ciência evolua. Pensar o trabalho alheio faz com que novas pesquisas surjam, que novos rumos sejam traçados dentro de outras pesquisas. Assim, o criticar, no sentido de contribuir, pode ser mais útil à ciência do que um trabalho que não passa pelo crivo crítico. 

Para o pesquisador, dessa forma, o comentário de seus pares é um dos aspectos mais importantes da construção e desenvolvimento da pesquisa científica, pois tais comentários podem servir de parâmetro para que ele verifique se está ou não no rumo certo em suas pesquisas ou até mesmo um teste para saber como seu trabalho será recebido na comunidade científica. Aliás, tal “sociedade invisível” (ou colégio invisível, como queiram) de pesquisadores é um dos meios mais importantes tanto na avaliação como na divulgação científica, pois é ela quem julgará ou não a validade do seu trabalho, proporá mudanças, enfim, a comunidade científica são os pares dos quais falamos anteriormente e são eles os responsáveis por mover a ciência rumo à novas pesquisas, novas vertentes, novas ciências, novos conhecimentos. 

Referência:
MUELLER, Suzana Pinheiro Machado. O crescimento da ciência, o comportamento científico e a comunicação científica: algumas reflexões. Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG, Belo Horizonte, v. 24, n. 1, p. 63-84, jan./jun. 1995.

* Carlos é aluno especial do PPGCINF-UnB e autor do blog Relatos de Memória.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Reflexões Cap. 2-3: O professor Universitário em aula: Planejamento e objetivos do plano de aula

Reflexões sobre a prática docente na universidade, a partir do capítulo 2-3 do livro 'O Professor Universitário em aula: prática e princípios teóricos'. Os autores, Abreu e Masetto, demostram a importância do planejamento de aula, registro dos objetivos desse planejamento e sua relação com a qualidade empregada dentro do sistema educacional, relevando contextos e pontos de vistas dos alunos, do professor e dos programas onde estão inseridos.



Capítulo 2 O professor em sala de aula

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Existe neutralidade e imparcialidade em ciência?

Copiado de Withe of their Lies
Muito tem sido dito à respeito da neutralidade e imparcialidade da ciência. O objetivo deste post é saber qual a SUA opinião sobre o assunto. A atividade sugerida é a resposta ao formulário abaixo, com um número reduzido de questões. O preenchimento pode ir de 2 mim à uma eternidade, dependendo do nível de reflexão suscitado pela última pergunta.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Precisando de uma boa ferramenta de questionários on-line? Seus problemas acabaram...


Você precisa fazer uma pesquisa abrangente, urgente, com um questionário on-line, que tabule tudo automaticamente e ainda lhe mostre relatórios gráficos? Seus problemas realmente acabaram...

O Google Formulário está disponível há um bom tempo no Google Docs como uma versão de alimentação de planilhas dessa suíte de escritório na nuvem e sua facilidade de uso só tem aumentado.

Para qualquer questionário básico, com perguntas que listam opções fechadas ou com questões abertas, um formulário pode ser construído em minutos, sim minutos.

O questionário funcionará como um formulário de alimentação de uma planilha, tabulando tudo automaticamente, gerando também gráficos automáticos de acompanhamento das respostas.

E não termina por aí, permite a disponibilização dentro de um e-mail ou o envio só do link para preenchimento; permite colocá-lo dentro de uma página web ou um blog, como o exemplo abaixo; permite o uso de funções estatísticas próprias de planilhas de cálculo direto nos dados coletados; em suma, permite desde uma pesquisa internacional até a coleta de opiniões para a festa do final de semana

Como uma primeira ajuda vá até este link em português de Portugal, que encontrarás um pequeno resumo das funcionalidades dessa ferramenta, deveras útil e mais completo que a própria ajuda do Google sobre o assunto.

E para terminar:

quarta-feira, 29 de junho de 2011

O conhecimento científico é...

Copiado de Science Progress
Uma das atividades que realizamos na aula do dia 16 foi identificar características do conhecimento científico utilizando Quadro 1 do Tomanik (cap. 3) como base. O processo consistiu em votação simbólica. Os 22 participantes (21 alunos + professor André) levantavam o dedo para expressar se Sim ou se Não existe tal característica. O resultado foi o seguinte:


Enquanto não existe consenso de característica do conhecimento científico nas citações dos autores analisados por Tomanik, 8 das 26 foram unânimes na contagem realizada. Elitista, fenomenológico e cumpre uma missão foram exemplos de características possíveis expostas em sala de aula. Das que deram empate (favoráveis = contrários): acumulativo; e claro preciso; constante. Os menos consensuais foram: certo e/ou previsível; falível; geral. Das características analisadas por Tomanik, critico a opção certo e/ou previsível pois gera dúvida na interpretação lógica.  

Vale observar que o processo de votação não foi nominal, eu não informava o total de votos ao final da contagem, a forma de informar as características para os votantes variou no decorrer do processo e a forma de contagem dos votos também, inicialmente foram contatos os favoráveis (sim) e os contrários (não). A partir da quarta característica, a contagem foi feita dos contrários a característica e considerado favoráveis os que não se manifestavam.

Processo de votação não é fácil.


Por Frederico Palma

sábado, 25 de junho de 2011

Atividades para a aula dia 30 de junho 2011

Formas e Linguagem da comunicação científica.

Prezados alunos da Disciplina Metodologia em Ciência da Informação, professora Sofia e professor André, encaminho os textos, indicados abaixo, que são parte da aula sobre formas e linguagem da comunicação científica do dia 30 de junho a qual terei a oportunidade de compartilhar com vocês bons momentos de reflexão. Os textos devem ser lidos para debate e análise em aula. O plano de aula com os slides também segue aqui para que vocês possam compartilhar dos objetivos e dos conteúdos compartilhados em sala de aula. Saudações, Eduardo.



Plano de Aula aqui
Textos a serem lidos PREVIAMENTE à aula de 30 jun. 2011:

1 JUNGBLUT, Airton Luiz. A heterogenia do mundo on-line: algumas reflexões sobre virtualização, comunicação mediada por computador e ciberespaço. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 10, n. 21, p. 97-121, jan./jun. 2004. Disponível em: . Acesso em: 10 abr. 2011. Link

2 MUELLER, Suzana Pinheiro Machado. O crescimento da ciência, o comportamento científico e a comunicação científica: algumas reflexões. Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG, Belo Horizonte, v. 24, n. 1, p. 63-84, jan./jun. 1995. Link

3 PEREIRA, Edmeire Cristina; BUFREM, Leilah Santiago. Fontes de informação especializada: uma prática de ensino-aprendizagem com pesquisa na Universidade Federal do Paraná. Perspectivas da Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 7, n. 2, p. 197-206, jul./dez. 2002. http://www.4shared.com/document/NvEjQHGq/FONTES_INFO_ESPECIALIZADA.html
 
4 TOMANIK, Eduardo Augusto. Sobre a linguagem científica: o discurso das ciências. In: ______. O olhar no espelho: “conversas” sobre a pesquisa em Ciências Sociais. 2. ed. rev. Maringá: Editora da Universidade Estadual de Maringá, 2004. cap. 4, p. [115]-132.  Texto somente impresso.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Ciência da Informação e documentação...

Copiado de I Satagered
O mestrando Fernandez Kenji elaborou um pequeno post sobre o tema. Como a reflexão poderia ser interessante para os alunos de arquivologia optei por publicá-la no blog de Diplomática e Tipologia Documental, para que os alunos tecessem comentários críticos sobre o tema. Em que pese as limitações inerentes ao fato de as opiniões virem de alunos de graduação, o resultado é bastante interessante para melhor compreender algumas diferenças básicas existentes entre um viés mais biblioteconômico da Ciência da Informação e as especificidades da Arquivologia.  

Copiado de Insuprint
O primeiro comentário, do aluno Márcio Lima, é particularmente interessante e pontua alguns itens definidores do que é a Arquivologia, os quais muitas vezes não são considerados (ou conhecidos) e posturas "unificadoras" das disciplinas supostamente agregadas pela Ciência da Informação, que se fazem presentes não apenas em posicionamentos teóricos, porém em atitudes mais práticas como, por exemplo, propostas curriculares ditas "integradoras", que muitas vezes generalizam princípios biblioteconômicos como se fossem universalmente válidos.

Acesse aqui o post de Kenji e os respectivos comentários dos alunos de Arquivologia. 

sexta-feira, 17 de junho de 2011

O professor, o Brasil, hoje (hoje?, desde de sempre e até quando?)

Professor grevista carrega policial ferido - copiado de O mundo bizarro de José Serra

Meu aluno e professor Eduardo Alentejo, após assistir ao depoimento da professora Amanda Gurgel do Rio Grande do Norte denuncia:
"Professores de todos os níveis, em todo o país, vivem a situação descrita - e as vezes pior do que a descrita por esta professora. O ponto em comum no processo de deteriorização que a professora denuncia é o discurso político que consguiu, em parte, contaminar o pensamento popular sobre qualidade da educação, diz a professora Amanda: basta de números estatísticos ... é necessário parar de associar o discurso da qualidade da educação à situação de sala de aula, o professor como culpado pela falta ou responsável por gerá-la. Chega de iniquidade, chega de deteriorização do ensino, chega de desprezo. Não dá para ver deputados, secretários de Educação, Ministro e diretoria da Educação, viverem uma espécie de la vie en rose enquanto nós professores vivemos o inferno de Dante. Vamos modificar esse cenário: vamos exigir intensificadamente um sistema educacional com o comprometimento e responsabilidade de todos, isso requer quebrar o paradigma ditatorial da vergonha nacional: educação. Por favor, assistam o vídeo:

O cenário se repete parece que eternamente. A solução para o problema da educação sempre recai nos professores. Devem ficar mais tempo em sala, devem atualizarem-se em relação às novas TIC, devem preparar melhor as aulas, devem reservar um tempo para atendimento de alunos, devem participar de comissões e (no caso da universidade) participar ativamente da burocracia, porém devem fazer isso por meio de mágica, já que não são dadas as condições efetivas para tanto. 

Os professores, para o poder público, são vistos, como bem evidenciou a professora potiguar, como redentores da pátria. Somos seres mágicos, como as mães: não temos necessidades, não nos cansamos (alguém se lembra quando cassaram 5 e depois outros 5 anos do tempo mínimo para a aposentadoria dos professores? Foi em uma das épocas em que se reformulou a previdência, com a promessa de mudar a aviltante aposentadoria parlamentar). O professor tudo faz e nada pode. Recentemente, o meu curso de graduação da UnB recebeu uma "demanda" para que aumentássemos a oferta do curso em "apenas" 8 vagas semestrais (16 anuais, ou 18% a mais). Afinal, devemos ser como coração de mãe: sempre cabe mais um. É por isso que quando o então governador paulista José Serra mandou a polícia bater nos professores, um dele teve a humanidade de socorrer o agressor ferido. Em mãe não se bate! Mesmo assim ela sempre perdoa.

Novamente "pesquisas" para lá de discutíveis tornam a "explicar" a realidade. Recentemente a revista Veja publicou uma reportagem (ou um libelo?) que mostrava (e quantificava) como somos incompetentes no aproveitamento do tempo.  Lembrei do primeiro emprego de professor que tive, em um supletivo que pagava pior do que a rede estadual de ensino, com janelinhas nas portas (fora de nossa visão) nas quais a diretora vigiava os professores, o conteúdo "passado" e, talvez, o uso do tempo. Detalhe: não podíamos reprovar ninguém, pois, afinal, eles é que pagavam a escola e mantinham os nossos empregos, como fui "informado" ao divulgar minhas médias finais. Fui até advertido de que os alunos reprovados iriam se matricular no supletivo do outro lado da rua, o que forçaria a escola diminuir as turmas e ter que, infelizmente, dispor de alguns de seus profissionais... A reportagem da veja não ficou impune e Eduardo Alentejo fez questão de que os leitores deste blog tivessem acesso a ela, na íntegra:
Sou professora do Estado do Paraná e fiquei indignada com a reportagem da jornalista Roberta de Abreu Lima “Aula Cronometrada”. É com grande pesar que vejo quão distante estão seus argumentos sobre as causas do mau desempenho escolar com as VERDADEIRAS razões que geram este panorama desalentador. Não há necessidade de cronômetros, nem de especialistas para diagnosticar as falhas da educação. Há necessidade de todos os que pensam que: “os professores é que são incapazes de atrair a atenção de alunos repletos de estímulos e inseridos na era digital” entrem numa sala de aula e observem a realidade brasileira.
Que alunos são esses “repletos de estímulos” que muitas vezes não têm o que comer em suas casas quanto mais inseridos na era digital? Em que pais de famílias oriundas da pobreza trabalham tanto que não têm como acompanhar os filhos em suas atividades escolares, e pior em orientá-los para a vida? Isso sem falar nas famílias impregnadas pelas drogas e destruídas pela ignorância e violência, causas essas que infelizmente são trazidas para dentro da maioria das escolas brasileiras.
Está na hora dos professores se rebelarem contra as acusações que lhes são impostas. Problemas da sociedade deverão ser resolvidos pela sociedade e não somente pela escola.
Não gosto de comparar épocas, mas quando penso na minha infância, onde pai e mãe, tios e avós estavam presentes e onde era inadmissível faltar com o respeito aos mais velhos, quanto mais aos professores e não cumprir as obrigações fossem escolares ou simplesmente caseiras, faço comparações com os alunos de hoje “repletos de estímulos”. 
Estímulos do quê? De passar o dia na rua, não fazer as tarefas, ficar em frente ao computador, alguns até altas horas da noite, (quando o têm), brincando no Orkut, ou o que é ainda pior envolvidos nas drogas. Sem disciplina seguem perdidos na vida. Realmente, nada está bom. Porque o que essas crianças e jovens procuram é amor, atenção, orientação e disciplina.
Rememorando, o que tínhamos nós, os mais velhos, há uns anos atrás de estímulos? Simplesmente: responsabilidade, esperança, alegria. Esperança que se estudássemos teríamos uma profissão, seríamos realizados na vida. Hoje os jovens constatam que se venderem drogas vão ganhar mais. Para quê o estudo? Por que numa época com tantos estímulos não vemos olhos brilhantes nos jovens? Quem, dos mais velhos, não lembra a emoção de somente brincar com os amigos, de ir aos piqueniques, subir em árvores?
E, nas aulas, havia respeito, amor pela pátria.. Cantávamos o hino nacional diariamente, tínhamos aulas “chatas” só na lousa e sabíamos ler, escrever e fazer contas com fluência.
Se não soubéssemos não iríamos para a 5ª. Série. Precisávamos passar pelo terrível, mas eficiente, exame de admissão. E tínhamos motivação para isso.
Hoje, professores “incapazes” dão aulas na lousa, levam filmes, trabalham com tecnologia, trazem livros de literatura juvenil para leitura em sala-de-aula (o que às vezes resulta em uma revolução), levam alunos à biblioteca e a outros locais educativos (benza, Deus, só os mais corajosos!) e, algumas escolas públicas onde a renda dos pais comporta, até a passeios interessantes, planejados minuciosamente, como ir ao Beto Carrero.
E, mesmo, assim, a indisciplina está presente, nada está bom. Além disso, esses mesmos professores “incapazes”, elaboram atividades escolares como provas, planejamentos, correções nos fins-de-semana, tudo sem remuneração; Todos os profissionais têm direito a um intervalo que não é cronometrado quando estão cansados. Professores têm 10 minutos de intervalo, quando têm de escolher entre ir ao banheiro ou tomar às pressas o cafezinho. Todos os profissionais têm direito ao vale alimentação, professor tem que se sujeitar a um lanchinho, pago do próprio bolso, mesmo que trabalhe 40 h.semanais. E a saúde? É a única profissão que conheço que embora apresente atestado médico tem que repor as aulas.Plano de saúde? Muito precário.
Há de se pensar, então, que são bem remunerados... Mera ilusão! Por isso, cada vez vemos menos profissionais nessa área, só permanecem os que realmente gostam de ensinar, os que estão aposentando-se e estão perplexos com as mudanças havidas no ensino nos últimos tempos e os que aguardam uma chance de “cair fora”.Todos devem ter vocação para Madre Teresa de Calcutá, porque por mais que se esforcem em ministrar boas aulas, ainda ouvem alunos chamá-los de “vaca”,”puta”, “gordos", “velhos” entre outras coisas. Como isso é motivante e temos ainda que ter forças para motivar. Mas, ainda não é tão grave. Temos notícias, dia-a-dia, até de agressões a professores por alunos. Futuramente, esses mesmos alunos, talvez agridam seus pais e familiares.
Lembro de um artigo lido, na revista Veja, de Cláudio de Moura Castro, que dizia que um país sucumbe quando o grau de incivilidade de seus cidadãos ultrapassa um certo limite.
E acho que esse grau já ultrapassou. Chega de passar alunos que não merecem. Assim, nunca vão saber porque devem estudar e comportar-se na sala de aula; se passam sem estudar mesmo, diante de tantas chances, e com indisciplina... E isso é um crime! Vão passando série após série, e não sabem escrever nem fazer contas simples. Depois a sociedade os exclui, porque não passa a mão na cabeça. Ela é cruel e eles já são adultos.
Por que os alunos do Japão estudam? Por que há cronômetros? Os professores são mais capacitados? Talvez, mas o mais importante é porque há disciplina. E é isso que precisamos e não de cronômetros. Lembrando: o professor estadual só percorre sua íngreme carreira mediante cursos, capacitações que são realizadas, preferencialmente aos sábados. Portanto, a grande maioria dos professores está constantemente estudando e aprimorando-se.
Em vez de cronômetros, precisamos de carteiras escolares, livros, materiais, quadras-esportivas cobertas (um luxo para a grande maioria de nossas escolas), e de lousas, sim, em melhores condições e em maior quantidade. Existem muitos colégios nesse Brasil afora que nem cadeiras possuem para os alunos sentarem. E é essa a nossa realidade! E, precisamos, também, urgentemente de educação para que tudo que for fornecido ao aluno não seja destruído por ele mesmo. Em plena era digital, os professores ainda são obrigados a preencher os tais livros de chamada, à mão: sem erros, nem borrões (ô, coisa arcaica!), e ainda assim se ouve falar em cronômetros. Francamente!!! Passou da hora de todos abrirem os olhos e fazerem algo para evitar uma calamidade no país, futuramente. Os professores não são culpados de uma sociedade incivilizada e de banditismo, e finalmente, se os professores até agora não responderam a todas as acusações de serem despreparados e “incapazes” de prender a atenção do aluno com aulas motivadoras é porque não tiveram TEMPO.
Responder a essa reportagem custou-me metade do meu domingo, e duas turmas sem as provas corrigidas.
Sugestão de atividade:  analise e compare o depoimento do vídeo, a carta da leitora e a situação atual da instituição universitária na qual você estuda e tenta produzir pesquisa. Se sua análise for bem honesta você verá que não tantas diferenças entre a UnB, cujos alunos promovem a "Festa da xoxota louca" (ver aqui e aqui também) e o ensino público médio e fundamental, afinal, eles estão entrelaçados "siamesticamente". Negar esse fato seria acreditar que na universidade somos mais puros e superiores por fazermos "pesquisas".

Post iniciado por Eduardo Alentejo, que me passou o interessante material das duas professoras. 

quinta-feira, 16 de junho de 2011

O professor universitário em aula: prática e princípios teóricos


Reflexões sobre a prática docente na universidade, a partir do capítulo 1 do livro 'O Professor Universitário em aula: prática e princípios teóricos'. Os autores, Abreu e Masetto, desconstroem o mito do professor e do aluno perfeitos ao focarem o aprendizado como sendo o principal objetivo da relação ensino-aprendizagem no plano do sistema educacional. Obviamente, que a tríade: prática, ensino e aprendizagem são elementos que se conectam, mas a ênfase recairá na aprendizagem que se traduz em atitude capaz de desenvolver valores cognitivos sociais críticos e de disseminação, fazendo com que o aprendizado tenha significa para a vida do indivíduo e dele na sociedade. No link abaixo, as reflexões depositadas em slides, esperamos que possamos desenvolver um debate sobre o tema. Futuramente outras partes da obra terão as reflexões compartilhadas.