Ambiente virtual de debate metodológico em Ciência da Informação, pesquisa científica e produção social de conhecimento

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Assinado o acoordo de cooperação da UnB com a UdeA


No dia 10 janeiro de 2014, após um período de negociações e tramitações de mais de um ano, finalmente a batalha da burocracia foi vencida e o acordo de cooperação entre a Universidade de Brasília e a Universidad de Antioquia (Colombia) recebeu sua última chancela: a assinatura do reitor Ivan Camargo, da UnB. A vigência inicial é de 5 anos e permite formalizar muitas das atividades que já vinham sendo realizadas entre os professores de ambas universidades. O intercambio docente e de alunos também fica mais fácil. Trata-se de um documento geral, a partir do qual as diversas atividades e termos futuros podem se embasar. A iniciativa, pela parte da UnB partiu do Prof. André Lopez, da Faculdade de Ciência da Informação, que teve o apoio da Assessoria de Assuntos Internacionais (representada na foto abaixo por sua chefe, Profa. Ana Flávia Granja e Barros)  para levar à tramitação à bom termo. 
 

Baixe aqui os fac-smiles dos acordos (antes da assinatura do reitor da UnB):

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

A ciência nua e crua


O que separa a simples indagação, ingênua, de uma criança - sobre, por exemplo, por que existe dia e noite -, de uma verdadeira pesquisa "científica"? Uma listagem das diferenças contemplaria inumeráveis itens; dentre eles, alguns relacionados à institucionalização da produção do conhecimento e à legitimação institucional do modo de produzir tal conhecimento. É isso mesmo, trata-se de legitimação dos métodos e de instituições legitimadoras de tais métodos e resultados; esse últimos, nessa acepção, importam muito pouco. A boa instituição é aquela que produz excelentes indicadores de, por exemplo, artigos publicados. Quem os lê e qual a qualidade dos mesmos são questões irrelevantes. Tentando solucionar esse problema, outros indicadores foram criados: por exemplo, sobre o impacto e as citações feitas aos textos. Novamente, ao invés de trabalhar com os objetos concretos, continua-se a lidar com simulacros do real, espectros do conhecimento, a ponto de, como sói acontecer nas instituições e práticas científicas, a representação passar a ser mais importante do que seu referido, em um círculo vicioso de reificação. 

A grande questão parece não ser a prática da substituição em si, porém o discurso falacioso, vazio e hipócrita de pesquisadores supostamente comprometidos com a produção de conhecimento científico social e historicamente relevante, mas que, na verdade, apenas se comprometem com suas verbas, as estatísticas e a legitimação de tal cenário por seus pares. Aos poucos que se esforçam para não jogar esse jogo, mesmo estando à mesa, geralmente restam três caminhos: o conformismo alienado, a resistência em trincheiras e a desistência honrosa. Um simples olhar para alguns colegas e espaços administrativos de qualquer universidade é suficiente para caracterizar o primeiro tipo. As trincheiras isoladas, a cada dia, graças às redes sociais e às TIC, conseguem começar a incomodar, porém, ainda de modo muito limitado em termos de escala. Muitos dos posts difundidos neste blog podem servir como ilustração de algumas dessas práticas de resistência, seja por eles mesmos, seja por situações e textos neles abordados. 

O post de hoje visa trazer à baila o recente protesto/denúncia feito por um estudante de doutorado que, após se cansar das práticas hipócritas e autolegitimadoras da academia, optou por largar o curso, escrevendo uma carta de desistência que permite discutir muitos aspectos interessantes sobre o fazer ciência, além de desnudar, despudoradamente, alguns mantos intocáveis da "academia". Sua carta, que é quase um ensaio (mas não seria aceita para publicação por nenhuma revista "tradicional", por não ter uma seção "metodologia") traz, além da introdução, as seguintes partes: (i) "Academia: não é ciência é um empreendimento"; (ii) "Academia: “Trabalhe duro, jovem Padawan, para que algum dia você também possa dirigir seu próprio laboratório"; (iii) "Academia: a mentalidade da cabeça"; (iv) "Academia: onde a originalidade te destruirá"; (v) "Academia: o buraco negro do oportunismo na pesquisa"; (vi) "Academia: estatísticas a granel"; (vii) "Academia: a terra selvagem dos egos gigantes"; (viii) "Academia: o maior truque jamais realizado foi convencer o mundo sobre sua necessidade".

A discussão sobre se é mais fácil fugir do que lutar escapa ao âmbito desse blog. O interesse recai sobre o texto apresentado e sua argumentação e não sobre a decisão pessoal tomada. 

Aceda ao texto original aqui e lembre-se, durante a leitura, da escola de bruxaria tão bem retratada pela autora de Harry Potter, cuja inspiração é, em boa parte, oriunda dos muros da academia.